Mostrar mensagens com a etiqueta dias de festa. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta dias de festa. Mostrar todas as mensagens

terça-feira, 1 de junho de 2021

Dias de Festa - A Romaria da Senhora da Póvoa (3)

 

As tendas

Havia de tudo a vender na Senhora da Póvoa; as tendas estavam por todo o lado, só ao pé da igreja é que não. Sempre se comprava qualquer coisa, para quem ficava em casa, sobretudo, para as crianças que estavam sempre à espera de amêndoas, uma pandeireta, um pífaro, um balão..., mas também se podiam comprar outras coisas, chapéus, calças, aventais, blusas, sapatos... No dia a seguir, havia sempre pessoas com coisas novas: “tens um chapéu bonito”! “Trouxeram-mo da Senhora da Póvoa”.

A romaria da Senhora da Póvoa continua, o recinto foi melhorado, fizeram um grande altar, há outro apoio para as pessoas, mas não tem, pelo menos, aqui no povo, o impacto que tinha. Era um acontecimento, não passava em branco. Quando se deixou de ir a pé e de burra, ia-se de excursão, numa camioneta. Agora, pouca gente já lá vai, os que vão, fazem-no em transporte próprio, já não em grupo e naquele espírito de romagem que existia dantes.

 

 

 

 

 

 

 

 

sexta-feira, 28 de maio de 2021

Dias de Festa - A romaria da Senhora da Póvoa (2)

 

O arraial

Depois da missa, ia-se comer o jantar, toda a gente levava uma merenda; depois do jantar, juntavam-se grupos, uns, cantavam à senhora da Póvoa, outros, começavam pequenos bailes.

 

As merendas

Cada pessoa levava o que entendia e o que podia: pão com queijo, chouriça, presunto..., um coelho assado ou guisado com batatas, bolos de bacalhau, doces..., o que cada um podia arranjar, porque a posses não eram as mesmas.

Ia-se para aqueles terrenos, logo do lado de fora do recinto, debaixo de uma oliveira ou num sítio que se encontrasse bom, estendia-se a toalha e comia-se. As pessoas estavam próximas umas das outras, podiam oferecer comida ou bebida, se fosse o caso, mas todas as famílias tinham a sua merenda.

 

Os cantares

Havia muitos grupos de cantadores, uns daqui e outros dali; juntavam-se, por terras ou por freguesias e começavam a cantar, algumas vezes, ao despique, versos à Senhora da Póvoa.

- Senhora da Póvoa/Nossa Senhora da Póvoa/ dizei-me onde morais/ ao fundo da serra de opa/ no meio dos olivais.

- Senhora da Póvoa/Nossa Senhora tão linda/ chegou a vossa nomeada/aos arrabaldes de Coimbra.

- Senhora da Póvoa/Nossa Senhora tão bela/ chegou a vossa nomeada à freguesia de Águas Belas.

- Refrão: Senhora da Póvoa/ Nossa Senhora da Póvoa/ viva a velha viva a nova/ viva a Senhora da Póvoa.

 

Os bailaricos

Havia também muitos bailaricos, com concertina, até. Quem queria e tinha vontade de se divertir, ia com outros rapazes e raparigas conviver um pouco.

 

terça-feira, 25 de maio de 2021

Dias de festa: A romaria à Senhora da Póvoa (1)

  Nessa altura, ir em romagem à Senhora da Póvoa, por promessa ou não, era um costume de muitas pessoas. Algumas iam todos os anos. Como todas as romarias, tinha uma parte religiosa e também uma parte de arraial e de diversão.

 

O caminho

Havia muita fé e devoção à Senhora da Póvoa; em horas de aflição muitas pessoas prometiam ir lá, no dia da festa, sempre, numa segunda-feira, do mês de maio. No domingo antes, grupos de raparigas e rapazes cantavam, pelas ruas do povo, à Senhora da Póvoa. Nesse dia, já passavam, por cá e por outros lados, grupos de romeiros, que cantavam e rezavam, pelo caminho.

Os grupos daqui abalavam no dia da festa, juntavam-se e iam a pé e nas burras, até lá. Tinham de abalar cedo, porque ainda são uns bons quilómetros, mesmo indo por caminhos antigos que encurtavam as distâncias, entre as terras. O santuário fica mesmo à saída da aldeia do Vale da Senhora da Póvoa, já do concelho de Penamacor.

 

A missa e as procissões

Há no recinto da Senhora da Póvoa uma igreja, mas no dia da festa, como havia muita gente, faziam uma missa campal, cá fora, junto ao coreto; havia um sermão e uma procissão ao redor do recinto.

À tarde, havia também uma procissão que levava o andor da Senhora da Póvoa para dentro da igreja, era como uma procissão do adeus.

Todas as pessoas visitavam a igreja, para rezar, deixar uma esmola e recolher “um santinho” com a imagem. Às vezes, até se levava uma esmola de uma pessoa que não tinha podido lá ir e trazia-se também uma imagem para ela.

 

sábado, 22 de maio de 2021

Dias de festa - A festa de Santo António (6)

 

Os bailes

Os bailes também faziam parte da festa, quase sempre, eram dois dias, domingo e segunda-feira. Havia um tocador ou até dois, um para cada dia. Começavam logo à tarde e iam pela noite dentro. No dia da festa, o baile era forte, toda a gente dançava, de cá e de fora, vinha gente de muito lado.

Primeiro, os bailes eram, quase sempre, no largo da capela, depois, passaram-se a fazer no largo da fonte velha, onde ainda se fazem; este espaço tem outras condições, um palco, um recinto arranjado, com bancos para as pessoas se sentarem.[1]

 

O jantar

Era um jantar de festa, com pratos típicos. A sopa era canja de galinha; depois, havia três pratos: cabrito ou borrego guisado, com batatas cozidas; carnes assadas (um bocado do cabrito ou do borrego, um coelho, um galo...) com batatas e “arroz-gordo”, feito com carne. Para a sobremesa usava-se o arroz-doce e a aletria; mais tarde, começaram-se a fazer os pudins. Por fim, vinham os doces (bolos secos, individuais), o pão leve, o bolo pardo e as filhoses.

Faziam-se grandes quantidades de tudo, sempre sobrava comida. Convidavam-se muitas pessoas, da família e dos amigos e, às vezes, apareciam poucas, à hora do jantar, embora, algumas passassem, à tarde – a mesa da festa ficava posta – e outras fossem à hora da ceia.

 

A segunda-feira de festa

Na segunda-feira, a festa continuava, da parte da manhã, havia missa na igreja, toda a gente ia, e a seguir a procissão que levava o andor de São Sebastião para a capela. À tarde e à noite, o baile.

 



[1]Na fonte velha, existem o bar (da Associação) e o Pavilhão Multiusos, feitos há poucos anos; embora separados do que são as festas podem dar algum tipo de apoio, se necessário.

sexta-feira, 23 de abril de 2021

A festa de Santo António (1)

 Era uma festa popular muito forte, com sermão, missa cantada, banda de música, foguetes e um tocador de concertina para o baile da tarde. 

 

A alvorada

Era a primeira coisa do dia, logo de manhã, esperava-se que chegasse a guarda republicana, para se dar início à alvorada; era preciso tirar uma licença para se poder deitar o fogo e também era obrigatória a presença das autoridades. O fogueteiro, muitas vezes, um senhor chamado Joaquim Pires, deitava, logo ali, umas dúzias valentes de foguetes. Às vezes, estavam quase vinte minutos a deitar foguetes.

O fogueteiro deitava o fogo, em cima de uma parede, um bocadinho afastada do povo; as canas caiam por todo o lado e os garotos andavam logo a apanhá-las. Nesse tempo, a alvorada anunciava se a festa ia ser forte ou não: “deitaram uma grande alvorada!”

 

terça-feira, 13 de abril de 2021

Dias de festa - O casamento (3)

 

O cortejo para casa

Não era preciso ser convidado para ir à missa e acompanhar o cortejo de volta a casa da noiva. Havia o uso de dar, a todas as pessoas presentes neste cortejo, um bolo e uma bebida. Os noivos e outras pessoas vinham com bandejas cheias, distribuíam e agradeciam às pessoas presentes, por terem ido acompanhá-los; este uso terminou há muito tempo.

 

O comer

Depois, o noivo separava-se outra vez da noiva, cada um jantava em sua casa, com a sua família e os seus convidados. Só se voltavam a encontrar à tarde, agora, todos os convidados, de um lado e do outro, em casa da noiva, para partirem o bolo da noiva.

Seguia-se a ceia, agora o noivo já estava com a noiva; depois, em alguns casamentos, havia um baile que se prolongava pela noite fora.

quarta-feira, 7 de abril de 2021

O casamento - os rebuçados da boda (2)

 

Os rebuçados da boda

À porta grande, em duas filas, as crianças, de saquinho na mão, esperavam que os noivos, os pais, os padrinhos e os restantes convidados passassem e deitassem rebuçados e, às vezes, uma ou outra moeda. Também, havia o uso, já fora do alpendre, de deitarem rebuçados ao ar, nesta altura, só as mais velhas tinham desembaraço para os apanharem.

Havia casamentos em que deitavam muitos rebuçados, os miúdos vinham com sacos cheios. Era uma festa para todos, desde pequenas que as crianças vão apanhar os rebuçados, pelas mãos dos irmãos, dos primos, das mães… Às pessoas que estavam no alpendre também davam rebuçados: “tome lá um rebuçado do casamento”. “Dê cá, que sejam muito felizes”.

Era assim. Este uso ainda hoje se mantem, embora as crianças sejam muito menos.


O banco para os rebuçados

Havia também o costume, mas nem toda a gente o fazia, de se colocar, à frente da porta, um banco dos da cozinha, coberto com um guardanapo branco e um prato para apanharem rebuçados, quando o cortejo passasse. Quase sempre se apanhava um prato cheio, mais do que quem tinha ido à igreja.

sexta-feira, 2 de abril de 2021

Os dias de festa - o casamento (1)

Toda a família era convidada, avós, tios, primos direitos, amigos…; era uma festa grande, preparada e realizada em casa, com ajuda de outras pessoas.

 

A preparação

Dias antes, desamuavam o forno, faziam uma grande quantidade de “doces”, pães-leves e bolos pardos; faziam também um grande cesto de filhoses, arroz doce, pudins... e para o jantar, matava-se uma “rês” (um cabrito ou um borrego).

O dia atrás, os pais dos noivos distribuíam, pelas pessoas vizinhas e amigas, a quem deviam algum favor ou simplesmente por amizade, pratos de arroz doce e bolos. Toda a gente acabava por provar da boda.

  

O dia

No dia do casamento o mais importante era a cerimónia religiosa, mas tudo o mais era vivido, pelos noivos e seus familiares, com alegria e procurando que tudo corresse bem.

 

O cortejo para a igreja

O casamento iniciava-se com o cortejo da casa do noivo e seus convidados até à casa da noiva. Entravam, comiam alguma coisa, havia uma mesa composta, e saiam juntos para a igreja.

 

A cerimónia

Durante a missa, há o momento da cerimónia do casamento, os noivos respondem às perguntas do senhor padre; assumem compromissos, cada um coloca, no dedo do outro, uma aliança, símbolo daquela união. No final da missa, o casamento, é registado nos livros da paróquia, com as assinaturas dos noivos, dos padrinhos e do senhor padre.