O
leilão
A
determinada hora, era o leilão. Em cima de uma carrinha, o leiloeiro, com um
pequeno altifalante, começava por arranjar um lote: um jogo de cama e uma
colcha, por exemplo, dava-lhe um preço, mas, depois, ia acrescentando mais uma
coisa e mais outra e outra ainda, tantas que, a determinada altura, a pessoa
que estava a segurar estas mercadorias já não se via debaixo delas. O leiloeiro
tentava, por diversas vezes, acabar o leilão: “é para quem”? A ver se além
dizia: “é para mim”. Mas, as pessoas que conheciam o processo esperavam,
esperavam, mesmo que quisessem comprar, a ver se ele acrescentava mais alguma
coisa.
O
romance de cordel
Muitas
vezes, havia nos mercados e nas feiras uma espécie de teatro musical, com uma
pessoa a tocar e outra a cantar. Era uma história contada em verso, acontecida
num determinado local, acerca de uma grande desgraça (mortes, desonras,
traições...), na família, entre amigos, vizinhos, namorados...
Era um drama;
, as pessoas que se juntavam a ouvir quase choravam, muitas acabavam por
comprar a história que se vendia numa folha de papel.
Os
comes e bebes
Os mercados
duravam o dia todo, tinha de se levar uma merenda ou comer alguma coisa, nas
tabernas ou nas barracas de comes e bebes, que por lá havia. O mais habitual
era uma salada de atum ou de bacalhau, com pão de quartos, vinho simples ou
traçado e sumos. Também havia bolos de bacalhau, carapau frito, iscas e outras
coisas mais. Ainda há comida nas feiras, grelhados, fritos..., mas, como em
tudo, houve, ao longo do tempo, mudanças.
O alboroque
Como eu o
recordo, o alboroque era uma forma de celebrar um negócio dalgum valor que
tinha corrido bem; acabava-se de comprar uma vaca, por exemplo, ia-se beber o
alboroque, o comprador, o vendedor e os amigos que tinham ajudado a levar o
negócio a bom porto.