A amoreira
Ficava ao
fundo do adro, quase no meio da estrada que ia para o Quinta do Clérigo e do
caminho que ia para o Vale de Igreja. Lá esteve, anos e anos, até atingir
aquela altura e aquela quantidade de ramos. Foi arrancada, quando arranjaram a
estrada, lá pelos finais dos anos oitenta. Dava muitas amoras, mesmo que os
miúdos começassem a comê-las, ainda, meias verdes, as que sobravam tinham tempo
de ficar maduras, doces e saborosas.
Parece que
cresceu já com a intenção de ser de toda a gente, com um tronco grande, alto,
mas fácil de subir. Também, tinha ramos fortes, uns mais altos, outros mais
baixos, para que, em segurança, todos pudessem comer amoras, à vontade. Havia
crianças, rapazes e raparigas, que, no tempo das amoras, todos os dias, subiam
à amoreira. As mãos fincavam tingidas, a roupa igual, mas isso não importava.
Quando já
havia menos gente, muitas amoras caiam no chão, pareciam um tapete negro, de
tantas que eram e de tão maduras que estavam!