Nenhuma ajuda do Estado
Não havia
nenhum apoio, nenhuma ajuda; o Estado não dava nada a ninguém, era mais fácil
tirar do que dar. Não havia reformas, nem assistência médica, nem abonos de
família..., se alguém ficasse doente e precisasse de ser internado no hospital,
a família tinha de arranjar atestados, da junta de freguesia e da câmara
municipal, a dizerem que era pobre, que não tinha posses para poder pagar as
despesas.
Mortes por falta de assistência
A saúde era
uma miséria, muitas pessoas, nasciam e morriam sem ir ao médico; havia três
médicos de clínica geral no Sabugal, para o concelho todo, mas era preciso
pagar a consulta e comprar os medicamentos, tudo por conta própria. Quantas e
quantas vezes, as pessoas tinham de pedir dinheiro emprestado para irem ao
médico. Se havia uma doença grave numa casa, quase sempre se arruinava a vida
daquela família. Muitas mortes eram por falta de assistência. Havia viúvas que
ficavam com quatro, cinco ou mais filhos, nos braços, sem saberem como iriam
governar a vida delas.
A primeira ajuda só nos anos setenta
O primeiro
apoio foi dado pelo governo de Marcelo Caetano, no início dos anos setenta,
altura em que abriu a Casa do Povo no Sabugal, os trabalhadores rurais passaram
a inscrever-se numa espécie de segurança social. Tenho ideia de que a primeira
prestação que deram aos trabalhadores rurais, com mais de setenta anos, que
nunca descontaram, foi de cem escudos, cinquenta cêntimos do dinheiro atual. É
tal o abismo, entre esse tempo e o que vivemos, hoje, que custa a acreditar.