O feijão
Também
precisa de muito trato, semeia-se em leiras e tem de se sachar, mondar e não
deixar passar sede, pelo menos, naquele período do choro (das flores). O feijão
que mais se cultivava cá eram o argentino, o vermelho, o de estaca e o riscado.
Algumas espécies podem ser para seco ou para comer verde, como o vermelho e o
de estaca, as “beiginas” (vagens) podem ser comidas verdes; o feijão seco,
depois de descascado e limpo, é guardado e vai-se comendo ao longo do ano.
O milho
Semeava-se
milho “zaburro”, bastinho, para a comida do vivo, que se cortava quando
começava a ter bandeira e, também, se semeava milho para seco. O milho não
precisa nem de terra tão boa e nem de tanto trato: semeia-se, sacha-se e
deixa-se crescer até ter a maçaroca madura; nessa altura, corta-se,
descamisa-se – tiram-se as maçarocas.
A seguir,
põem-se a secar e depois de bem secas, malham-se. O milho é limpo, outra vez
posto a secar e no final guarda-se em arcas. O milho era dado às galinhas e também
servia para a alimentação das pessoas, moía-se e da farinha faziam-se papas.
O milho-miúdo
Como toda a
gente “deitava pitas” – punha galinhas a chocar ovos – era necessário semear
milho-miúdo para os “pitinhos”. Um campo de milho-miúdo tinha sempre muita
passarada, mal começava a amadurar; era preciso pôr espantalhos, no meio do
milho ou caravelas altas, para meter medo aos pássaros, senão o dono ficava com
pouco ou nada. Nem toda a gente o semeava, mas claro, quem tinha terras
disponíveis, semeava umas leiras dele.
O pão (o centeio)[1]
Era semeado
nas tapadas e nos terrenos altos, com mais areia e sem água, os que não podiam
ser para o cultivo de outros produtos agrícolas. Deitava-se a semente,
lavrava-se ao arado com as vacas e ficava todo o inverno e toda a primavera; só
em junho, estava bom para ser ceifado. Depois, era malhado e guardado, em arcas
ou "tulhas", para se moer e da farinha fazer o pão.
[1]Aqui sempre se utiliza a palavra “pão”, seja para
designar o cereal em grão, seja para designar o alimento.