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sábado, 5 de setembro de 2020

Coisas dos mercados e feiras do Sabugal (2)

 

O leilão

A determinada hora, era o leilão. Em cima de uma carrinha, o leiloeiro, com um pequeno altifalante, começava por arranjar um lote: um jogo de cama e uma colcha, por exemplo, dava-lhe um preço, mas, depois, ia acrescentando mais uma coisa e mais outra e outra ainda, tantas que, a determinada altura, a pessoa que estava a segurar estas mercadorias já não se via debaixo delas. O leiloeiro tentava, por diversas vezes, acabar o leilão: “é para quem”? A ver se além dizia: “é para mim”. Mas, as pessoas que conheciam o processo esperavam, esperavam, mesmo que quisessem comprar, a ver se ele acrescentava mais alguma coisa.

 

O romance de cordel

Muitas vezes, havia nos mercados e nas feiras uma espécie de teatro musical, com uma pessoa a tocar e outra a cantar. Era uma história contada em verso, acontecida num determinado local, acerca de uma grande desgraça (mortes, desonras, traições...), na família, entre amigos, vizinhos, namorados...

Era um drama; , as pessoas que se juntavam a ouvir quase choravam, muitas acabavam por comprar a história que se vendia numa folha de papel.

Os comes e bebes

Os mercados duravam o dia todo, tinha de se levar uma merenda ou comer alguma coisa, nas tabernas ou nas barracas de comes e bebes, que por lá havia. O mais habitual era uma salada de atum ou de bacalhau, com pão de quartos, vinho simples ou traçado e sumos. Também havia bolos de bacalhau, carapau frito, iscas e outras coisas mais. Ainda há comida nas feiras, grelhados, fritos..., mas, como em tudo, houve, ao longo do tempo, mudanças.

O alboroque

Como eu o recordo, o alboroque era uma forma de celebrar um negócio dalgum valor que tinha corrido bem; acabava-se de comprar uma vaca, por exemplo, ia-se beber o alboroque, o comprador, o vendedor e os amigos que tinham ajudado a levar o negócio a bom porto.

 

 

quarta-feira, 26 de agosto de 2020

Lojas de venda - as medidas

 

 

Uma balança de pratos iguais  

As medidas aferidas

Todas as medidas eram aferidas; vinha alguém, da câmara municipal, ver se estavam certas: da parte da taberna, aferiam o litro, o meio litro, o quartilho e meio quartilho; da parte da mercearia, o quilo, o meio quilo, os duzentos, os cem e os cinquenta gramas.

Os cartuchos

Vinham já feitos, dobrados uns em cima dos outros. Eram de papel manteiga grosso, podiam ser acinzentados ou avermelhados, havia-os de um quilo, de meio quilo e, se calhar, até, maiores e mais pequenos. Quando se queria abrir um, para pôr dentro a massa, o arroz, o açúcar..., metia-se a mão até ao fundo e o cartuxo tomava logo a forma de um saco. Para fechar por cima, juntavam-se as extremidades, dava-se uma dobra ou duas e dobrava-se, ainda, um bocadinho das pontas e virava-se; ficava um saco quase perfeito e bem fechado.[1]

As medidas rasas

Para medir cereais, pão, milho, feijão..., havia também medidas certas, feitas de madeira: o alqueire (16 litros), o meio (8 litros), a quarta (4 litros) e o litro; enchiam-se e passava-se por cima um “rasadoiro”, uma espécie de régua de madeira, para se tirar o que estivesse a mais.

Estas medidas não existiam só nas vendas, todas as pessoas as tinham em casa, estavam sempre a ser precisas para se medir uma coisa ou outra. 

 

[1]Agora, por preocupações ambientais, voltaram estes sacos, é frequente vê-los, embora o papel seja diferente.