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sábado, 2 de novembro de 2019

Dever de Memória (4)


Tentei uma escrita próxima da oralidade, de fácil leitura, guardando palavras e formas de dizer que são daqui. Quando foi possível, deixei soar a voz da pessoa a quem ouvi referir tal ou tal coisa, colocando aspas ou fazendo discurso direto. Sempre que há diálogos, a conversa é com a minha mãe. Escrevo, a partir de uma situação particular que é a minha, a de uma família pobre que vivia com dificuldades.
Por fim, dizer que, por se tratar de memórias, não há imaginação, mas há inevitavelmente lacunas, coisas que faltam, e também há imprecisões, coisas que não foram exatamente como as relatei. Por isso, considero o texto aberto ao contributo de todos os que quiserem colaborar, ajudando a melhorar e a completar ou relatando factos e situações na primeira pessoa, a incluir noutro ponto.
Os textos estão organizados por temas, em capítulos e subcapítulos, desenvolvendo-se, por relação e associação dos assuntos referidos e numa ordem temporal, de janeiro a dezembro, a não ser que sejam coisas que ocorrem em todo o tempo e, nesse caso, coloco-as no início.

domingo, 11 de agosto de 2019

Dever de Memória (3)


Havia emigrantes que diziam a familiares, vizinhos ou amigos: “Podes andar nos nossos “chões”, podes apanhar as castanhas dos nossos soitos, podes ir à lenha que é nossa...”. A partir daí, mesmo para os que nunca saíram, poucos, a vida modificou-se muito e para melhor. Passados uns anos, foram ainda os emigrantes, com a construção das casas, que deram trabalho nas obras a muitos homens daqui e de fora.
O que escrevi é memória da minha mãe, com quem conversei sobre todos os assuntos, muitas horas e dias, mas é também memória minha que ainda vivi esses tempos. Há uma pequena parte que envolveu alguma pesquisa bibliográfica, nomeadamente, no que se refere ao primeiro capítulo.

terça-feira, 6 de agosto de 2019

Dever de memória (2)


Pode dizer-se que a vida do país começou a mudar, a partir do 25 de Abril de 1974; todos começaram a perceber o que significava viver em democracia, ter direitos, a importância de votar, de eleger representantes, a noção de justiça..., com notórios reflexos em todo o lado e em toda a gente, e aqui também. No entanto, talvez o acontecimento com maior relevância tenha sido a emigração dos anos sessenta. Foi uma coisa boa, desde o início, para quem partiu e também para quem ficou. Todos lucraram, passou a haver terrenos disponíveis, que antes não havia, à renda ou emprestados.
Havia emigrantes que diziam a familiares, vizinhos ou amigos: “Podes andar nos nossos “chões”, podes apanhar as castanhas dos nossos soitos, podes ir à lenha que é nossa...”. A partir daí, mesmo para os que nunca saíram, poucos, a vida modificou-se muito e para melhor. Passados uns anos, foram ainda os emigrantes, com a construção das casas, que deram trabalho nas obras a muitos homens daqui e de fora.

sexta-feira, 2 de agosto de 2019

Dever de memória (1)


Todos temos um dever de memória, ainda mais, quando fomos testemunhas de um tempo que, em muitos aspetos, já desapareceu. Por isso, escrevi estes textos. A intenção era fazer a recolha de hábitos, modos de vida, costumes, tradições… – sobretudo, das décadas de quarenta, cinquenta, sessenta e setenta do século passado e deixar disso um registo escrito. No entanto, sempre que é necessário algum enquadramento, falo de aspetos de um passado mais próximo ou mesmo do presente.
A razão por que me centrei mais neste período teve a ver com o facto de ele, já, só existir na memória de quem o viveu, mesmo que tenham decorrido menos de três gerações. Saímos de um tempo antigo, parado, para um mundo onde as mudanças ocorrem a um ritmo que é quase uma vertigem, em que não sabemos bem o que nos está a acontecer e o que nos espera.