O minério do Brejo
Uma vez,
ainda nem a gente sabia bem o que era aquilo, além para o cimo do povo, num
terreno baldio, no Brejo, descobrimos lá minério, eu e as que andavam comigo. Não
dissemos nada a ninguém, mas, lá desconfiaram e, claro, como era um terreno
baldio, juntou-se lá a gente toda e o minério acabou num instante.
- Como é que
sabiam que era minério?
- Sabia-se
logo; quando havia aqueles grãozinhos muito negros, era minério. Às vezes, era muito
bastinho…, o pior foi que logo se acabou. Se fosse numa tapada particular,
podia-se combinar com o dono, mas num baldio não, enquanto lá houve alguma
coisa, toda a gente aproveitou.
- Andou
noutros lados?
- Andei, o
minério aparecia em qualquer lado; na Lameira, não era fundo, levava-se uma
enxada e um alguidar e já se trazia minério. Para o Chão de Henrique, havia
muito minério e para Malhadinha, também, mas esse não era bom, tinha muito
“vermelho”, era difícil para se apartar. Na Moita, havia, mas era muito fundo,
ali são terrenos fundeiros, era preciso umas poças grandes, com seis ou sete
metros de fundura e duas pessoas a baldeá-lo; fazia-se um andaime ao meio, uns
iam lá para o fundo a deitar pás de terra para o andaime e os outros do andaime
para fora. A terra que saía do poço era toda lavada num “rolho”.
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