quarta-feira, 29 de setembro de 2021

Rezas - atalhar a «girpla», «girpela» e ar

 

Atalhar a “girpla”, a “girpela” e o ar


A “girpla” era uma espécie de infeção da pele. Dava comichão, as pessoas coçavam e faziam ferida. O ar era dores, nas pernas e nos ossos, por se apanhar humidade, molhas ou outras coisas. 

Havia uma reza que se acreditava podia curar estes males. Rezava-se assim:

Eu te atalho “girpla”, “girpela” e ar,

para que não cresças, nem verdeças,

 nem nesta casa permaneças.

Nem te benzo, nem te sei benzer,

benza-te Deus e a Virgem Maria,

que têm todo o poder.

Padre-nosso e Avé-maria.

                                                                                                       Rezava-se três vezes.

 

Se durante a reza, a pessoa que estava a atalhar o ar começasse a abrir a boca e a bocejar, era certo que a doente o tinha.

 

terça-feira, 21 de setembro de 2021

Rezas - Atalhar a constipação de sol

 É a crença no poder de certas orações para curar ou atalhar certos males; mas não só, também, havia rezas para “arramar” as trovoadas, encontrar as coisas perdidas...

 

Atalhar a constipação de sol

Quando as pessoas apanhavam muito sol, em dias de calor, e tinham fortes dores de cabeça, mandavam atalhar a constipação de sol. Rezava-se assim:

Santo Inácio foi ao mar,

com Jesus Cristo se encontrou,

Jesus Cristo lhe disse:

- Onde vais, Santo Inácio?

- Vou ao mar, à procura de remédio,

para atalhar a constipação de sol.

- Volta atrás, Santo Inácio,

com um guardanapo de linho

e um copo de água fria

a constipação se atalharia.

Padre-Nosso e Ave-maria.

                                                                                                       Rezava-se três vezes.

 

Era preciso um copo de vidro com água e um pano de linho quadrado: dobrava-se duas vezes o pano, pelas pontas, tapava-se o copo com o pano dobrado e deborcava-se em cima da cabeça, com jeito, para se não entornar a água. Se a pessoa tivesse constipação de sol, a água do copo começava a borbulhar com força, como que a fazer um repuxo, então, a constipação tinha de ser atalhada, vários dias seguidos, até a água deixar de borbulhar.

terça-feira, 14 de setembro de 2021

Crenças antigas

 Nesse tempo mais antigo, quase ninguém falava em ir ao médico; não havia dinheiro. Se alguém adoecia, faziam-se rezas, chás e outros remédios caseiros, por vezes, ia-se ao “barbeiro”, na esperança de que a pessoa pudesse melhorar.

 

Crenças

 

- Acreditava-se na má sorte, no mau-olhado, no mal da inveja, no rogo de pragas, em estar possuído por espíritos..., e para todos estes males havia rezas, benzeduras e remédios caseiros.

- Acreditava-se nas luas: na lua nova, não se podia nem matar o porco, nem semear os alfobres, nem as batatas, nem muitas outras coisas; só no quarto crescente e na lua cheia se podiam fazer as sementeiras, as matanças, o que fosse.

- Acreditava-se que o mocho, com aquele piar triste e medonho, anunciava a morte de alguém. Quem o ouvia pensava, logo, no pior. Algumas pessoas diziam: - Ladrão! Vai para longe que não te quero ouvir”. Outras não lhe davam importância, diziam: - É o cantar dele.

- Acreditava-se que ver um gato preto, passar debaixo de umas escadas, entrar com o pé esquerdo num local, dava má sorte. 

- Acreditava-se que quando duas pessoas diziam a mesma coisa, ao mesmo tempo, dava má sorte. Dizia-se, logo: “O diabo seja cego, surdo e mudo” e tocava-se na madeira.

- Acreditava-se que as sextas feiras eram dia embruxados, mais ainda se fosse sexta-feira, treze. 

quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Tradições Festivas - do Natal

  

No Natal, um mês muito frio, costuma-se fazer um madeiro para aquecer a noite ao Menino Jesus.

 

O madeiro

De vinte e quatro para vinte e cinco de dezembro – na noite de Natal – faz-se um grande madeiro no adro da igreja. O madeiro é uma fogueira muito grande, feito com troncos secos, há sempre alguém que os dá, e que os rapazes acartam, dias antes, juntamente com um carro de giestas e de piornos.

Antes, traziam esses troncos em carros de vacas, mas, claro, eram eles que puxavam; agora, com os tratores é muito mais fácil acartar a lenha e não é preciso começar muito tempo antes. Empilham a lenha, cobrem tudo com as giestas e os piornos, põem pneus velhos, pelo meio, para ajudar o lume a atear e deitavam-lhe o fogo.

Muitas pessoas vão ao madeiro para ver arder aquela imensa fogueira e também para conviver um pouco; alguns ficam até tarde e há mesmo quem fique até de manhã, antes, era costume os rapazes fazerem uma borga junto ao madeiro, com carne e bebidas.

 

O Menino Jesus desce pela chaminé

Não havia a tradição da árvore de Natal. Aqui, era o Menino Jesus que descia pela chaminé e deixava qualquer coisa às crianças. Pouca coisa que não havia muito para dar: uns rebuçados, umas bolachas, umas laranjas, umas meias, umas moedinhas... 

De manhã, os meninos, que tinham posto o sapatinho junto a chaminé, iam entusiasmados ver o que o Menino Jesus tinha deixado. E ficavam todos contentes, mesmo que fosse pouco.