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quinta-feira, 10 de setembro de 2020

A emigração - a ida a salto

 Finais dos anos cinquenta e princípios dos anos sessenta, foi a altura da maior emigração para a França. Aqui no povo, mas igualmente no concelho, no distrito e no país. Quem pôde sair, para trabalhar e melhorar a sua vida, saiu.

 

Ida para a França

 

Naquela altura, a França era uma realidade diária, nesta terra. Estava nas conversas e nas vidas de todos os habitantes. Não havia família que não tivesse alguém naquele país. Em muitos casos, todos estavam lá, tinham ficado, apenas, os avós já de idade.

A viagem "a salto": da sobrevivência ao negócio da emigração nos anos 60 -  BOM DIA
Por montes e vales, a caminho da França

 

 A salto

Nos primeiros tempos, muitos emigrantes iam “a salto”, clandestinos, sem quaisquer papéis. Eram, sobretudo, jovens casados, pais de família, que queriam ganhar o sustento dos filhos, mas eram também rapazes solteiros, alguns muito jovens, que abalavam, antes dos dezoito anos, para fugirem à tropa.

Saíam de noite, levados por passadores, a quem pagavam oito ou nove contos de réis. É bom de ver que nem todos tinham aquele dinheiro, pediam-no emprestado; quando chegavam à França, já estavam endividados até ao pescoço. Eram explorados, por muita gente, havia enganos, falsas promessas..., cá e lá.

Um passador português levava-os para Espanha e, aí, podiam passar por vários, até chegarem à fronteira de Hendaya, já em França, onde apanhavam o comboio até Austerliz, em Paris, estação de destino de quase todos os emigrantes que daqui foram.

Passar a Espanha, era o mais difícil, andavam dias e dias, até semanas, a pé, por veredas, montes e caminhos ruins, atravessando ribeiros, para fugirem à guarda civil espanhola; passavam o dia em casebres e de noite, quando havia menos policiamento, caminhavam ou eram levados de carro. Se fossem apanhados pela guarda civil, eram trazidos até à fronteira e entregues às autoridades portuguesas. A Pide, a polícia política, interrogava-os, prendia-os, ameaçava-os, mas acabava por libertá-los.

Muitos homens de cá tentaram atravessar a fronteira, a salto, por mais de uma vez, até conseguirem. Outros não conseguiram e tiveram de aguardar por cartas de chamada – a maneira legal de emigrar.