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segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

A situação das famílias - os mais velhos

Todas as pessoas trabalhavam no campo, até poderem. À medida que iam ficando com menos forças, iam também deixando de cultivar os campos e de ter vivo. Começavam por vender as vacas, se as tivessem, ficavam com uma cabra ou duas, depois vendiam a cabra, ficavam só com coelhos e galinhas, até que chegava o dia em que tinham de acabar com tudo.

Ficavam em casa até ser possível


Se ainda podiam ficar em casa, se a mulher ainda podia fazer o comer, os filhos levavam-lhes batatas, feijão, cebolas, mercearias...; quando já nem podiam fazer isso, andavam aos meses pelas casas dos filhos. Embora isto fosse um costume, os filhos tratarem, em suas casas, dos pais velhinhos, deveria haver muitas dificuldades e muitos problemas com toda a certeza.


 No final, andavam pelos filhos


Andar pelos filhos, era a última fase da vida. Morria-se de pneumonia, de tromboses, de quedas, de coração..., muitas vezes, por falta de assistência ou por não se ir a tempo ao médico; estava-se sempre até à última a ver se passava, a ver se melhorava e quando se chegava a ir já não havia remédio.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

A situação das famílias - os adultos


Enquanto eram novos, sem responsabilidades, a vida, apesar das dificuldades, ia andando. O pior era quando casavam e tinham, logo, filhos; ganhar para tudo, quase sem haver trabalho, era duro.

O trabalho das mulheres  


As mulheres tratavam dos filhos, da casa, da alimentação, da roupa..., do mais que era necessário e ainda trabalhavam nos campos, muitas, todos os dias de manhã à noite. Os homens daquele tempo não faziam nada em casa, havia tarefas muito definidas: isto é trabalho de homem, aquilo é trabalho de mulher. Não ajudavam com os filhos, mas eram quem exercia a autoridade sobre toda a família.

O trabalho dos homens


A maioria destes homens trabalhava no campo, em terrenos próprios, arrendados ou cultivados de quartas ou quintas; mas também havia alguns que trabalhavam “a jornal”, um dia de trabalho, para os lavradores ricos que precisassem de chamar para gadanhar, ceifar, malhar, cortar lenha, semear, tirar batatas...; um ou outro fazia uma "jeira", um dia de trabalho com uma junta de vacas; e ainda podia haver um ou outro pastor ou moço à soldada – eram jovens que pelo São João se “assoldadavam”, por um ano, com direito a comida, dormida e a um pequeno soldo, apesar de estarem o tempo todo ao serviço dos patrões.

domingo, 8 de dezembro de 2019

A situação das famílias - os mais novos


As famílias eram, quase todas, bastante numerosas, cinco, seis, sete, oito ou até mais filhos. Algumas não eram maiores, porque morriam muitas crianças pequenas, à nascença, nos primeiros meses ou anos de vida. 




Nascia-se em casa



Todas as crianças nasciam em casa. Algumas com a ajuda duma pessoa entendida que fazia de parteira, mas sem qualquer formação; outras com a ajuda das mães ou de irmãs mais velhas. Muitas vezes, eram partos difíceis, surgiam complicações, muitos bebés morriam por dificuldades no parto, nasciam já mortos; outras vezes, eram as mães que morriam por falta de assistência. Foi assim, até meados dos anos setenta, quando passaram a nascer na maternidade do hospital da Guarda.


Meninos ao colo



Os bebés andavam sempre ao colo, começavam a passear pelo povo, logo de pequenininhos. Quando as mães queriam fazer qualquer coisa, ficavam com as avós e com os irmãos mais velhos. Mas, quando não havia quem os guardasse, viravam um banco dos da cozinha, desses de palha, e punham lá os meninos. Quando começavam a andar, iam de um lado par ao outro, pela mão dos irmãos e dos pais.


Os mais velhos ajudavam a criar os irmãos



Nessa altura, os filhos mais velhos ajudavam a criar os mais novos. Por isso se dizia que os mais velhos eram os dos trabalhos e os mais novos os do mimo, já não tinham de se preocupar com os irmãos e tinham a atenção e o cuidado de toda a família.
Quando chegavam aos sete anos, a partir da década de cinquenta, já todos iam à escola. Mas isso não os impedia, pelo menos, no tempo bom, de ajudarem os pais com o vivo e outros trabalhos que já pudessem fazer.