As
árvores de fruto
Não existiam
pomares, mas, junto às paredes, ao cimo ou ao fundo dos chões, havia árvores de
fruto: macieiras, pereiras, cerejeiras, figueiras, abrunheiros…Como o clima é
mau, no outono, começa logo cedo a arrefecer, muitas árvores de fruto não se
dão cá; e das que se dão, nem sempre os frutos chegam a “amadurar” como deve
ser.
O castanheiro
Havia muitos
soitos, cheios de grandes castanheiros. A castanha era uma fonte de riqueza,
para quem tinha muita, claro. Vendia-se bem, apanhavam-na os negociantes;
daqui, ia de comboio para Lisboa e depois de barco “para fora”, diziam que ia
para o Brasil.
Era um
alimento importante. Na altura das castanhas, comiam-se assadas e cozidas;
havia, também, quem as secasse no caniço; muitas vezes, viam-se pessoas na rua
a roer castanhas secas.
Os
castanheiros antigos secaram quase todos, por causa de uma doença que lhes deu;
agora, já volta a haver castanhas, são soitos novos, parece ser outra qualidade
de castanheiros, mais pequenos do que os de antes.
O
rebusco
Há um ditado
que diz: “Dia de São Martinho baldeia o teu soito e tapa o teu vinho”. O soito
não passava a estar baldio, mas, a partir desse dia, os donos deixavam as
pessoas ir ao rebusco. Toda a gente podia ir ao rebusco das castanhas; mas, ia
mais quem não as tinha.
Alguns donos
dos soitos deixavam, ainda, muito por apanhar, havia ouriços no chão cheios de
castanhas; outros andavam à pressa a apanhar tudo, antes do dia do rebusco,
ia-se lá e pouco ou nada se encontrava, estava tudo “rebuscadinho”.