sexta-feira, 30 de abril de 2021

A Festa de Santo António - A Banda da Música (2)

 

A banda da música

A banda também chegava cedo, antes do pequeno-almoço; mal chegavam, os músicos eram recebidos pelos mordomos e distribuídos pelas casas das pessoas onde iam comer; quase toda a gente recebia um músico e os mordomos mais do que um.

A seguir, davam uma ou duas voltas ao povo e preparavam-se para acompanhar a primeira procissão do dia, mais ou menos, por volta das onze da manhã, a que levava o andor de São Sebastião da capela para a igreja. Depois, tocavam na missa e acompanhavam, também a tocar, toda a procissão da festa.

À tarde, junto ao recinto do baile, a banda tocava músicas alegres para animar um pouco as pessoas que se juntavam; quando a música tocava, o baile parava. Depois, antes de irem embora, davam outra volta ao povo, agora, também, com os novos mordomos.

São bandas muito treinadas para tocar nestas festas, havia-as em muitos lados, mas talvez a que cá tenha vindo mais vezes tenha sido a de Belmonte.

 

sexta-feira, 23 de abril de 2021

A festa de Santo António (1)

 Era uma festa popular muito forte, com sermão, missa cantada, banda de música, foguetes e um tocador de concertina para o baile da tarde. 

 

A alvorada

Era a primeira coisa do dia, logo de manhã, esperava-se que chegasse a guarda republicana, para se dar início à alvorada; era preciso tirar uma licença para se poder deitar o fogo e também era obrigatória a presença das autoridades. O fogueteiro, muitas vezes, um senhor chamado Joaquim Pires, deitava, logo ali, umas dúzias valentes de foguetes. Às vezes, estavam quase vinte minutos a deitar foguetes.

O fogueteiro deitava o fogo, em cima de uma parede, um bocadinho afastada do povo; as canas caiam por todo o lado e os garotos andavam logo a apanhá-las. Nesse tempo, a alvorada anunciava se a festa ia ser forte ou não: “deitaram uma grande alvorada!”

 

terça-feira, 13 de abril de 2021

Dias de festa - O casamento (3)

 

O cortejo para casa

Não era preciso ser convidado para ir à missa e acompanhar o cortejo de volta a casa da noiva. Havia o uso de dar, a todas as pessoas presentes neste cortejo, um bolo e uma bebida. Os noivos e outras pessoas vinham com bandejas cheias, distribuíam e agradeciam às pessoas presentes, por terem ido acompanhá-los; este uso terminou há muito tempo.

 

O comer

Depois, o noivo separava-se outra vez da noiva, cada um jantava em sua casa, com a sua família e os seus convidados. Só se voltavam a encontrar à tarde, agora, todos os convidados, de um lado e do outro, em casa da noiva, para partirem o bolo da noiva.

Seguia-se a ceia, agora o noivo já estava com a noiva; depois, em alguns casamentos, havia um baile que se prolongava pela noite fora.

quarta-feira, 7 de abril de 2021

O casamento - os rebuçados da boda (2)

 

Os rebuçados da boda

À porta grande, em duas filas, as crianças, de saquinho na mão, esperavam que os noivos, os pais, os padrinhos e os restantes convidados passassem e deitassem rebuçados e, às vezes, uma ou outra moeda. Também, havia o uso, já fora do alpendre, de deitarem rebuçados ao ar, nesta altura, só as mais velhas tinham desembaraço para os apanharem.

Havia casamentos em que deitavam muitos rebuçados, os miúdos vinham com sacos cheios. Era uma festa para todos, desde pequenas que as crianças vão apanhar os rebuçados, pelas mãos dos irmãos, dos primos, das mães… Às pessoas que estavam no alpendre também davam rebuçados: “tome lá um rebuçado do casamento”. “Dê cá, que sejam muito felizes”.

Era assim. Este uso ainda hoje se mantem, embora as crianças sejam muito menos.


O banco para os rebuçados

Havia também o costume, mas nem toda a gente o fazia, de se colocar, à frente da porta, um banco dos da cozinha, coberto com um guardanapo branco e um prato para apanharem rebuçados, quando o cortejo passasse. Quase sempre se apanhava um prato cheio, mais do que quem tinha ido à igreja.

sexta-feira, 2 de abril de 2021

Os dias de festa - o casamento (1)

Toda a família era convidada, avós, tios, primos direitos, amigos…; era uma festa grande, preparada e realizada em casa, com ajuda de outras pessoas.

 

A preparação

Dias antes, desamuavam o forno, faziam uma grande quantidade de “doces”, pães-leves e bolos pardos; faziam também um grande cesto de filhoses, arroz doce, pudins... e para o jantar, matava-se uma “rês” (um cabrito ou um borrego).

O dia atrás, os pais dos noivos distribuíam, pelas pessoas vizinhas e amigas, a quem deviam algum favor ou simplesmente por amizade, pratos de arroz doce e bolos. Toda a gente acabava por provar da boda.

  

O dia

No dia do casamento o mais importante era a cerimónia religiosa, mas tudo o mais era vivido, pelos noivos e seus familiares, com alegria e procurando que tudo corresse bem.

 

O cortejo para a igreja

O casamento iniciava-se com o cortejo da casa do noivo e seus convidados até à casa da noiva. Entravam, comiam alguma coisa, havia uma mesa composta, e saiam juntos para a igreja.

 

A cerimónia

Durante a missa, há o momento da cerimónia do casamento, os noivos respondem às perguntas do senhor padre; assumem compromissos, cada um coloca, no dedo do outro, uma aliança, símbolo daquela união. No final da missa, o casamento, é registado nos livros da paróquia, com as assinaturas dos noivos, dos padrinhos e do senhor padre.