O vivo todos
os dias saia para as pastagens, para tapadas com ervagens, lameiros e outros
sítios, onde pudessem pastar, comer erva e outras plantas.
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Um bezerrinho a mamar na vaca |
As
vacas
Talvez, a
vaca fosse o animal de maior importância para a vida daquele tempo; quem podia,
tinha uma, uma junta ou até mais. Uma vaca tinha todos os anos um bezerrinho
para se vender, dava leite para fazer queijos, beber, fazer papas…, e ainda se
podia trabalhar com ela. As vacas lavravam, semeavam os terrenos, tiravam as
batatas, traziam para casa o que fosse preciso: lenha, feno, pão, palha, comida
do vivo...
O pior é que
nem todas as famílias podiam ter uma vaca, por não terem terras para a poderem
sustentar, dava rendimento, mas precisava de comer bastante; quando se
conseguia arrendar um baldio, uma tapada ou um lameiro e se podia comprar uma
vaca, a vida daquela família começava a andar para a frente, melhorava logo.
O
carro das vacas
Um barulho
que recordo da minha infância é o do carro de vacas a passar, o barulho das
rodas na calçada; agora um, depois outro, mais outro..., de manhã muito cedo e
à tarde já quase noite, quando regressavam a casa, sobretudo, no verão (fenos,
malhas, colheitas...). Havia carros de uma vaca e carros de duas. “Junguir” as
vacas era pô-las ao carro, ao arado, à grade...
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Boi no campo |
O
boi cobridor
Quando as
vacas andavam toirondas, tinham de ir ao boi, para emprenharem. Durante muitos
anos, houve cá um boi que dava para as vacas de cá e da freguesia toda, era de
um senhor chamado Álvaro. Estava sempre fechado na loja, não andava fora; era
um boi grande, valente, para dar boa casta. Quando o deitavam às vacas, vinha
sempre preso por uma corda, não fosse fugir; era lá no curral ou ali na rua que
“tomava” a vaca. Quando já tinha feito o serviço, puxava-se outra vez pela
corda e levava-se para a loja.
Depois, esse
boi foi vendido, e cá nunca mais houve outro; tinha de se ir a Pousafoles, onde
havia uns bois fortes, mais do que um. Pagava-se uma quantia ao dono do boi e
se a vaca não emprenhasse à primeira, tinha de se voltar lá, mas já não se
voltava a pagar. Era difícil ir com a vaca ao boi, quase sempre iam duas
pessoas, o dono com a mulher ou um filho, algumas eram bravas, marravam, mesmo.
Mais tarde,
as vacas passaram a emprenhar através de uma injeção, vinha cá um senhor, da
parte do veterinário municipal (ou de outro serviço) e dava uma injeção à vaca.
Tudo se foi perdendo, agora, cá quase já não há vacas.