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terça-feira, 7 de julho de 2020

Animais domésticos - os coelhos


Criação de coelhos  

Os coelhos

Pode dizer-se que todas as pessoas tinham coelhos, nas lojas do vivo, em arcas ou em coelheiras, algumas, até, suspensas nas paredes das lojas. Bastava ter uma arca velha, pôr lá uma coelha prenha e passado um mês já se tinham coelhinhos. Não precisam de muito espaço para se reproduzirem e crescerem.
Cada coelha tem várias ninhadas, ao longo do ano. Os coelhos pequenos estão com a coelha até comerem já bem; depois, põem-se, à parte, noutra arca ou coelheira, até se poderem vender ou comer.
Era uma fartura, se calhava a não morrerem, depressa se enchiam as arcas, mas morriam muito. Comiam quase todas as ervas e ramas, o único problema é que a comida não podia estar molhada, nem acabada de colher; tinha de se deixar secar e murchar.


terça-feira, 30 de junho de 2020

Animais domésticos - os porcos


 
Um porco  no cortelho
 

Os porcos

Eram parte indispensável da alimentação da família, durante todo o ano. Quase todas as pessoas compravam um porquinho pequeno, logo cedo, para o poderem criar, engordar e matar na próxima matança.
Os cortelhos dos porcos ficavam nos currais ou debaixo das varandas, onde fosse mais apropriado. Os porcos comiam os restos da alimentação: cascabulho, ervas, couves, botelhas, nabos..., o que houvesse; comem tudo. Faziam-se as “viandas” num caldeiro, envolvia-se tudo com farelo e deitava-se ao porco, normalmente, eram três viandas ao dia, mas também comiam braçados de couves e de erva, fora das viandas. Uns meses antes de ser morto, o porco era muito bem tratado, para engordar e dar uma boa matança. Chama-se “sevar” o porco.


sábado, 27 de junho de 2020

Animais domésticos - ovelhas e cabras

Um rebanho de ovelhas a pastar

As ovelhas

Só as pessoas com mais posses tinham rebanhos de ovelhas, com um pastor assoldadado só para o gado. No inverno, os rebanhos vinham dormir na corte, mas de verão ficavam nos campos, dormiam dentro de um bardo, uma espécie de quadrado, vedado, com cancelas, guardado por um cão. Junto ao bardo, ficava a choça para o pastor se abrigar, comer e dormir. As ovelhas davam lucro: vendiam-se os borreguinhos, faziam-se queijos do leite e, uma vez por ano, eram tosquiadas e a lã vendida a comerciantes que vinham cá comprá-la.
Cabras no campo

As cabras

Quem não podia ter vacas, tinha duas ou três cabras. Mesmo os que tinham vacas tinham cabras, atrás das vacas. Davam leite e cabritinhos; o leite bebia-se e faziam-se queijos; os cabritinhos, quase sempre, se vendiam para se poder fazer algum dinheiro que, por pouco que fosse, dava para algumas necessidades da casa. Não se comia carne a toda a hora, como agora; só pelas festas ou dias de nomeada se matava uma rês.


terça-feira, 23 de junho de 2020

Animais domésticos - as vacas e o boi cobridor


 O vivo todos os dias saia para as pastagens, para tapadas com ervagens, lameiros e outros sítios, onde pudessem pastar, comer erva e outras plantas. 
Um bezerrinho a mamar na vaca 

As vacas

Talvez, a vaca fosse o animal de maior importância para a vida daquele tempo; quem podia, tinha uma, uma junta ou até mais. Uma vaca tinha todos os anos um bezerrinho para se vender, dava leite para fazer queijos, beber, fazer papas…, e ainda se podia trabalhar com ela. As vacas lavravam, semeavam os terrenos, tiravam as batatas, traziam para casa o que fosse preciso: lenha, feno, pão, palha, comida do vivo...
O pior é que nem todas as famílias podiam ter uma vaca, por não terem terras para a poderem sustentar, dava rendimento, mas precisava de comer bastante; quando se conseguia arrendar um baldio, uma tapada ou um lameiro e se podia comprar uma vaca, a vida daquela família começava a andar para a frente, melhorava logo.

O carro das vacas

Um barulho que recordo da minha infância é o do carro de vacas a passar, o barulho das rodas na calçada; agora um, depois outro, mais outro..., de manhã muito cedo e à tarde já quase noite, quando regressavam a casa, sobretudo, no verão (fenos, malhas, colheitas...). Havia carros de uma vaca e carros de duas. “Junguir” as vacas era pô-las ao carro, ao arado, à grade...


Boi no campo

O boi  cobridor

Quando as vacas andavam toirondas, tinham de ir ao boi, para emprenharem. Durante muitos anos, houve cá um boi que dava para as vacas de cá e da freguesia toda, era de um senhor chamado Álvaro. Estava sempre fechado na loja, não andava fora; era um boi grande, valente, para dar boa casta. Quando o deitavam às vacas, vinha sempre preso por uma corda, não fosse fugir; era lá no curral ou ali na rua que “tomava” a vaca. Quando já tinha feito o serviço, puxava-se outra vez pela corda e levava-se para a loja.
Depois, esse boi foi vendido, e cá nunca mais houve outro; tinha de se ir a Pousafoles, onde havia uns bois fortes, mais do que um. Pagava-se uma quantia ao dono do boi e se a vaca não emprenhasse à primeira, tinha de se voltar lá, mas já não se voltava a pagar. Era difícil ir com a vaca ao boi, quase sempre iam duas pessoas, o dono com a mulher ou um filho, algumas eram bravas, marravam, mesmo.
Mais tarde, as vacas passaram a emprenhar através de uma injeção, vinha cá um senhor, da parte do veterinário municipal (ou de outro serviço) e dava uma injeção à vaca. Tudo se foi perdendo, agora, cá quase já não há vacas.