Ir à lenha
Gastava-se
muita lenha, tudo era feito e aquecido ao lume, mas o inverno não se podia
comparar ao verão, no que toca a gastar lenha; o lume estava sempre aceso. Quem
tinha pinhais e tapadas, com giestas e piornos, ia buscar lenha, na burra ou no
carro das vacas; preocupava-se, a tempo e horas, em arranjar e em arrecadar
lenha miúda e também lenha grossa, cavacos, para o tempo ruim.
Ir ao feixe
As pessoas
que não tinham lenha, eram as que mais iam ao feixe; iam de fugida, com medo
que aparecesse o dono. Traziam feixes de giestas, de piornos, de ramos e de
galhos; não havia giestas grandes, como agora que ninguém vai à lenha. Às
vezes, tinham de ir longe, para a Fonte Ferrenha, para o Grilo, para a
Malhadinha...; havia rapazes fortes que traziam feixes tão grandes que nem se
viam debaixo deles.
Mas, podia
acontecer que o dono dissesse: - “Olha, vai, além, ao meu pinhal ou à minha
tapada, buscar uns feixes de mato”. Então, a pessoa ia com ordem, sem medo de
ser apanhada, levava uma burra ou um carro e trazia a lenha.
Se fosse
apanhar pinhas não havia problemas; sempre se pôde ir aos pinhais alheios, os
donos não diziam nada. As pessoas de mais idade, que não podiam andar ao feixe,
nem tinham quem fosse a ele, quase só gastavam pinhas; entrava-se naquelas
cozinhas e o que via era um “canto” cheio de pinhas.