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Um mangual para malhar o pão |
As
malhas
- E as
malhas, como eram?
- Cada
pessoa malhava o pão que colhia, só os ricos chamavam malhadores, porque tinham
muito. Às vezes, andava-se a malhar dois ou mais dias para eles. Havia homens
que andavam às malhas. Uma vez um dos meus irmãos, já depois de termos feito
muitas malhas, chegou a casa e disse: - amanhã temos de ir malhar o pão do
senhor…
Andava tão
cansada que, estava sentada no banco da cozinha, comecei a chorar. No fim das
malhas, andava já tão cansada, tão cansada!
- O que
fazia nas malhas?
- Tirava a
palha, andava à palha. Os malhadores colocavam os molhos virados com as espigas
para o lado de dentro, era ali tudo cheio, não sei quantos molhos, mas muitos.
Depois, iam malhá-los com o mangual; nem todos os homens sabiam malhar bem, era
preciso um jeito.
Em geral,
eram dois malhadores, de cada lado, a baterem, alternadamente, ora uns, ora
outros; nas malhas grandes, podiam ser três ou quatro malhadores, de cada lado;
conforme a laje dava, assim, se estendiam os molhos.
O grão,
quando já era muito, puxava-se para o lado, com umas pás e varria-se; não se
podia malhar em cima do grão, não se malhava bem. No final, o pão era todo
limpo, mas tinha de haver vento; se não houvesse vento não se podia fazer
aquele trabalho. Às vezes, estava-se mais de um dia à espera do vento, depois,
com umas pás de madeira, levantava-se, o vento levava as palhas e o grão caia
limpo na laje.
- E a comida
nas malhas?
- Por essa
altura das malhas, quase sempre os grandes lavradores matavam uma “rês” uma
cabra ou uma ovelha, quase sempre uma ovelha, porque havia muitos rebanhos.
- A como
iam, o que ganhavam?
- Ia-se ao
dia, recebia-se em dinheiro ou em pão, um alqueire de pão, por um carro de pão
malhado – já não sei bem se era assim.
O
palheiro
A palha ou
era atada, se as pessoas tinham onde guardá-la, ou se fazia um palheiro, lá na
laje, feito de modo a não entrar a água; a palha estava todo o ano e não se
estragava, só a de fora apodrecia um bocadinho.