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quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

A lei e a ordem



Nesse tempo da ditadura, num país sem liberdade e sem direitos, não faltavam leis e polícias de todas as naturezas (segurança pública, segurança do Estado, guarda fiscal, guarda republicana...).

A guarda republicana  vinha a toda a hora


Aqui, era a guarda republicana que vinha. A toda a hora, apareciam, sempre de espingarda ao ombro. Quando chegavam, era um desassossego, iam fazer a ronda, rua acima e rua abaixo, falavam sempre com o Presidente da Junta e com o Regedor, as autoridades de cá, e, se calhava, com mais uma ou outra pessoa. Também, iam à escola. A professora abria-lhes a porta, tinha de ser simpática, claro, os garotinhos, alguns, ficavam com medo, eles lá diziam umas coisas e saiam.
Queriam saber tudo o que se passava nas terras: “Há cá algum passador? Há aqui alguém que esteja a planear abalar (a salto para a França)? Há cá pessoas que fazem isto ou que fazem aquilo?” Enfim, o inquérito usual do Estado Novo, no cumprimento da lei e da ordem. 
Mas, alguns exageravam, implicavam com tudo: era a licença do cão que faltava, era o carro das vacas que não tinha a chapa, era a bicicleta que não tinha a matrícula, eram as galinhas que andavam na rua (houve um tempo em que tinham de estar fechadas, senão os donos eram multados), era a lenha que ocupava a rua, era o bueiro que cheirava mal... Enfim, também, fariam alguma coisa boa, mas o que mais se recorda são as outras.