sábado, 27 de fevereiro de 2021

Calendário religioso: Os Santos, o mês das Almas e o Natal

 

O dia de todos os santos

Todos os anos, no dia 1 de novembro, se faz a romagem ao cemitério. Nessa altura, só havia uma campa e algumas cruzes, as restantes sepulturas estavam, apenas, com duas pequenas pedras, ao cimo e ao fundo. No entanto, quase ninguém perdia de vista as campas dos seus familiares, cavavam-nas e compunham-nas, nesse dia, com carvalhas.

A romagem é um momento muito sentido, o senhor padre pede por todas as pessoas, pelos pais, pelas mães, pelos filhos, pelos jovens, pelos sepultados noutros cemitérios da freguesia, pelas almas do purgatório, por todos os falecidos...

Agora, há dois cemitérios, quase toda a gente tem campas, mas compõem tudo muito bem e com muitas flores naturais, carvalhas, crisântemos e outras, também, colocam velas a arder; algumas pessoas que vivem fora, nesta altura, vêm compor as campas e participar na romagem aos cemitérios.

 

O mês das Almas

Durante o mês de novembro, rezavam na igreja um terço pelas almas de todas as pessoas falecidas e almas do purgatório.

 

O Natal

No Natal, uns dias antes faz-se o presépio na igreja. Sabe-se que o culto ao Menino Jesus é muito antigo nesta igreja. Antes, as mordomas faziam o presépio com musgos, heras, um pinheiro e muitas imagens, algumas bastante antigas; faziam-no, aí, ao altar do Imaculado Coração de Maria.

Começava com a gruta, o Menino, Nossa Senhora e São José, e continuava com a representação da aldeia de Belém, com casas, ovelhas, pastores, artesãos..., o que podemos imaginar poderia existir numa aldeia daquele tempo.

Agora, fazem um presépio mais pequeno, ainda que estejam sempre presentes as imagens principais. 

 

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Calendário religioso: O mês de Nossa Senhora e o Sagrado Lausperene

  

O mês de Nossa Senhora

Durante o mês de maio, rezava-se na igreja o terço em honra de Nossa Senhora. Muitas pessoas chamavam-lhe o mês de Maria. Faziam-no à noite, porque durante o dia as pessoas trabalhavam.

O trono

Faziam um trono, um altar, de propósito, com vários degraus, forrados com um a pano branco e, por todo o lado, punham velas e vasos de flores. Muitas vezes, este trono era feito no altar do Imaculado Coração de Maria, mas também se fez no altar da Nossa Senhora do Rosário e da Senhora de Fátima.

Oferecer o ramo    

Em cada domingo, os meninos da catequese iam oferecer um ramo a Nossa Senhora. No final do terço, joelhavam-se junto ao altar, cantavam uns versinhos à Virgem e deixavam o raminho.

 

O sagrado Lausperene

Todos os anos, no dia 14 de outubro, é o dia do sagrado Lausperene. Durante vinte e quatro horas estava o Santíssimo exposto e de forma organizada, entre as pessoas de cá, as da Quinta do Clérigo e as do Espinhal, cantavam e rezavam durante essas horas todas. Continua a sua celebração, mas apenas umas horas, à tarde e ao início da noite, por causa de haver muito pouca gente.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Calendário religioso - Confissões e Páscoa

  

As confissões

Durante o período da Quaresma, fazem-se as confissões. Chamam-lhe também a “desobriga”, porque todos os católicos têm a obrigação de se confessarem, pelo menos, uma vez por ano. Vêm as pessoas do Espinhal e da Quinta do Clérigo, antigamente, toda a gente se confessava, eram vários senhores padres, durante várias horas, e depois celebravam a missa.

Agora, a gente é muito pouca, vêm dois ou três senhores padres e depressa terminam de confessar.

 

A Páscoa

Ao dia de Páscoa, chamam cá a Festa de Flores, talvez, porque começa a primavera e os campos ficam cheios de flores silvestres e de maias.

Há sempre uma procissão à volta do povo; as pessoas varriam e enfeitavam as ruas, punham colchas às janelas para festejar a Ressurreição de Cristo. Saiam os guiões, a bandeira e o pálio.  

 

terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

O calendário religioso (1)

 

O calendário religioso

 

Há uma prática religiosa, já não tão marcada e tão diária, como antigamente, mas ainda assim, participante, nas missas, festividades e rezas que, ao longo do ano, a igreja celebra.

 

A missa dominical

Todas as pessoas, de cá e das anexas, iam à missa do domingo. Era o dia mais importante da semana e pode dizer-se que continua a ser. As missas são participadas, há um grupo de leitores, um grupo que canta, às vezes acompanhado pelo órgão, e ministras da comunhão.

 

As cinzas

As cinzas são o primeiro ritual da Quaresma; toda gente nesse dia vai à missa receber as cinzas. As cinzas recordam o sentido, último, da vida de todo o cristão, viemos do pó, viemos do nada, e regressaremos ao nada.

 

As cruzes / A via-sacra

Durante a Quaresma, ainda hoje, se reza na igreja a via-sacra, normalmente, são cruzes lidas a partir de um livro, com leituras e meditações, umas vezes mais breves, outras vezes mais longas, em cada uma das estações. São rezadas, acompanhando com o olhar as imagens da via-sacra que estão nas paredes da igreja.

Havia pessoas que sabiam rezá-las de cor. Recordo umas cruzes, muito bonitas, rezadas pelo senhor Vicente Rodrigues, penso que em verso, contavam toda a via dolorosa, desde a condenação à morte, até ao sepulcro. Quando este senhor dizia as cruzes, toda a gente ia, a igreja enchia-se. Talvez, já ninguém as saiba, se tenham perdido, como muitas outras coisas rezas.

 

As confissões

Durante o período da Quaresma, fazem-se as confissões. Chamam-lhe também a “desobriga”, porque todos os católicos têm a obrigação de se confessarem, pelo menos, uma vez por ano. Vêm as pessoas do Espinhal e da Quinta do Clérigo, antigamente, toda a gente se confessava, eram vários senhores padres, durante várias horas, e depois celebravam a missa.

Agora, a gente é muito pouca, vêm dois ou três senhores padres e depressa terminam de confessar.

 

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Serviços e tradições religiosas - ministras da comunhão...

 

As ministras da comunhão

Quando começou a haver menos senhores padres, em algumas paróquias, passaram a existir leigos com o papel de ministros da comunhão.

Aqui, houve duas ministras da comunhão, talvez, a partir dos primeiros anos da década de noventa, as senhoras Zaida Augusta Dias e Maria da Ascenção Jorge, que se dispuseram a servir a comunidade. A primeira fez, durante muitos anos, sempre que foi preciso, a proclamação da palavra e a distribuição da comunhão; a segunda acompanhou e ajudou na distribuição da comunhão.

Desde há algum tempo, há três novas ministras da comunhão, as senhoras: Adélia, Estrela e Maria José que servem a igreja e a comunidade paroquial.

 

As pessoas que orientam as rezas

São rezas que podem ser conduzidas por qualquer pessoa, desde que saiba, tenha devoção e disponibilidade. Todos recordamos várias pessoas; às vezes, eram as raparigas a fazer o terço ou as cruzes.

Mas, durante muito tempo, quem conduziu todas as rezas, fossem novenas dos mortais, acompanhamentos, cruzes, terços, mês de Maria, mês das Almas..., foi a senhora Zaida Augusta Dias, sempre com a mesma vontade e o mesmo espírito de serviço.

Já há algum tempo, quem conduz as rezas, prestando o mesmo serviço às pessoas e à paróquia, é a senhora Adélia Nunes Leal. 

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

Serviços e tradições religiosas - as catequistas

  

As catequistas

Ensinar catequese, desde as crianças mais pequeninas, que se preparam para a primeira comunhão, até aos jovens que fazem o crisma e a comunhão solene, é um importante serviço prestado à igreja e às famílias.

 Cada domingo, a seguir à missa, as crianças e os jovens de cá, do Espinhal e da Quinta do Clérigo, participavam na catequese. Havia vários “Volumes” (as partes do catecismo) e às vezes várias catequistas para cada Volume, normalmente, eram as raparigas que davam a catequese orientadas pelo senhor padre. Os catecismos eram pequenos livrinhos, com texto e algumas imagens, a que as crianças daquele tempo prestavam particular atenção.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Serviços e tradições religiosas - as irmandades, a Sagrada Família

 

As irmandades

Havia as Irmandades das Almas e do Sagrado Coração de Jesus. Era costume os homens assentarem-se nas irmandades, pagavam uma pequena contribuição e tinham direitos e também deveres de todos os irmãos dessa Irmandade.

Por exemplo, se morria um irmão, em Vale Mourisco ou noutra anexa, a irmandade das Almas tinha de ir lá, com as insígnias, a representar a irmandade. Também, mandavam dizer missas pelos irmãos que faleciam e pelos já falecidos, para além da missa das almas, todos os meses. No final, de cada ato da Irmandade, faziam a chamada – as mulheres podiam substituir os homens, mas quem faltava pagava, uma pequena esmola.

Cada irmandade tinha as suas insígnias, bandeiras, cruzes, lanternas e opas. Quando passou a haver menos gente, tornou-se impossível manter as irmandades como existiam e foram acabando; agora, distribuem as opas aos homens que estão e são eles que levam as insígnias, seja nos enterros, seja noutros atos religiosos.

 

A Associação da Sagrada Família

É uma tradição muito antiga, cá no povo; andava pelas casas a imagem de uma Sagrada Família que agora está na capela. Foi interrompida, durante alguns anos, e retomada depois com a imagem de uma Sagrada Família mais pequena.

Cada mês, visita a casa das pessoas; recebe-se num dia à noite e entrega-se a outra pessoa, no dia seguinte, também, à noite. Todas as pessoas têm um livrinho, para fazerem as orações de chegada e de despedida da Sagrada Família; durante a noite, nunca se deixa às escuras, tem-se sempre uma luz a alumiar. Costuma dar-se também uma esmola que se coloca no sítio próprio. Estas esmolas são para mandar dizer missas pelas intenções de todas as pessoas associadas.

A Associação tem uma zeladora que toma conta das esmolas e se encarrega de mandar dizer as missas.