Mostrar mensagens com a etiqueta a morte de alguém. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta a morte de alguém. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, 12 de março de 2021

A morte de alguém - acompanhamentos, alumiação e luto

 

Os acompanhamentos


Durante os cinco domingos, a seguir ao funeral, faziam os acompanhamentos. Antes da missa, ia-se à casa da pessoa e rezava-se lá dentro e cá fora. Rezava-se, também, ao fundo do povo e à porta da igreja.

Ao acompanhamento vinham, sobretudo, familiares ou amigos da pessoa falecida; mas também vinham pessoas só conhecidas, das aldeias vizinhas. No final da missa, rezava o senhor padre, e depois rezavam no alpendre, ao fundo do povo e junto da porta de casa.

Os acompanhamentos ainda hoje se fazem, mas já só se reza na igreja. Reza-se por todas as pessoas, até, pelas que morrem em França e lá são enterradas, desde que um familiar ou alguém próximo fale com o senhor padre.


Alumiar os defuntos


Ao fundo da igreja, naquela altura, não havia bancos, do lado direito, frente às escadas do coro, uma pessoa da família, ao início da missa punha velas a alumiar pela intenção da pessoa falecida. Usavam-se para isso uns suportes de madeira, com buracos apropriados para colocar as velas.

Se acontecia haver vários acompanhamentos, ao mesmo tempo, de cá e das anexas, da Quinta do Clérigo e do Espinhal, era uma quantidade grande velas a arder durante toda a missa. Este uso acabou, há muito tempo.

 

O luto


Havia um luto muito rigoroso, para toda a família, mas mais para as mulheres, vestiam-se todas de preto, até, de lenço e xaile na cabeça, nos primeiros tempos. Punham luto pelos pais, durante dois anos; pelos irmãos, um ano; pelos maridos e filhos, cinco anos ou mais, algumas, toda a vida.

Agora, têm-se do luto outro entendimento, cada um faz como acha melhor. 

 

terça-feira, 9 de março de 2021

A morte de alguém - o enterro, o pão da caridade e a novena

 

O enterro   

Em tempos mais antigos, o enterro era feito só com um senhor padre que ia a casa já com o acompanhamento, a cruz e as lanternas, fazer a primeiras orações; depois, o cortejo fúnebre dirigia-se para a igreja, era dita a missa e feita a última encomendação da alma já no cemitério.

Só quem tivesse possibilidades económicas pedia um enterro com ofícios; eram cerimónias diferentes. Vinham seis ou até mais senhores padres, celebravam os Ofícios, depois a missa e a seguir o enterro.

A partir de determinada altura, meados dos anos setenta, quando começou a haver mais possibilidades, quase todas as pessoas queriam que os seus familiares tivessem um enterro com Ofícios.

Agora, por falta de senhores padres, voltamos a ter enterros sem Ofícios. 

 

O pão da caridade

Nos anos sessenta, ainda, se distribuía, no dia do enterro, pão às pessoas presentes no acompanhamento. Chamavam-lhe o pão da caridade e a intenção era dar uma esmola pela alma da pessoa falecida.

Era partido às fatias, colocado em açafates de verga, guardado na casa de um vizinho e distribuído quando saia o funeral. Todas as pessoas tiravam uma fatia, beijavam o pão e guardavam-no ou davam-no a algum pobre que andasse a recolhê-lo; havia sempre pobres a recolher o pão.

  

A novena

No dia a seguir ao enterro, começa uma novena pela alma da pessoa falecida. Ainda hoje, se reza essa novena. Quase todas as pessoas vão ao terço dos mortais, pelo menos as que podem. Rezam-se na capela.

 

sábado, 6 de março de 2021

A morte de alguém - os sinais e o velório

 Em geral, as pessoas que morrem têm a consideração e a estima de toda a gente, o povo todo partilha a dor da família. Participam no velório, no funeral, nos terços e nos acompanhamentos.

 

Os sinais

Quando se ouvem sinais, toda a gente sai à porta: - quem é que morreu? Já morreu fulano?

Muitas vezes, já se esperava a morte de alguém, mas, outras vezes, não se está à espera de nenhuma morte. O toque a sinais é para se saber e para se rezar pela alma da pessoa que morreu.

 

O velório    

Antigamente, a pessoa era velada na sua casa[1], pelos familiares chegados ou mais afastados, por amigos e também pelas pessoas do povo. Ia-se deitar água benta e rezar, logo que fosse possível; voltava-se outras vezes e muitas pessoas passavam lá noite toda.

Mais tarde, os velórios passaram a ser na capela, no princípio, ainda se passava a noite; agora quase sempre são velados na igreja e à meia noite fecham a porta, que a família volta a reabrir, no outro dia, logo cedo.



[1]Por isso, as pessoas não faziam comida em suas casas, enquanto estivesse lá o mortal, havia sempre alguém de família que oferecia o comer.