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domingo, 17 de maio de 2020

A vinha, o vinho e a aguardente


A vinha

Quase todas as pessoas tinham uma vinha, umas latadas ou uns cordões de “vides” (videiras), junto às paredes dos “chões”. Colhiam-se as uvas, quando estivessem bem maduras, para se fazer o vinho

O vinho

Quem tinha mais vinho, esmagava as uvas em lagariças, primeiro, tanques de pedra e, mais tarde, de cimento. Se as uvas não eram muitas, esmagavam-se em baldes e ia-se deitando o conteúdo para uma dorna. O vinho tinha de se mexer, com um pau alto, até ferver, nessa altura, o bagaço vinha para a parte de cima e o vinho ficava na parte de baixo.
A seguir, tirava-se das lagariças ou das dornas para as barricas ou para os pipos, às vezes, saia já da dorna muito limpinho. Estas barricas ficavam nas lojas ou nas adegas, quem as tinha, deitadas na posição horizontal, assentes em calços de madeira, para ficarem quase todas no ar e, assim, o vinho não se estragar. Depois do vinho aclarar, tapava-se a abertura de cima, com uma rolha de cortiça, colocando cinza à volta, para ficar bem vedada; também se lhe colocava uma torneira, na parte da frente, em baixo.
O vinho novo estava pronto. Mas, só depois do São Martinho é que se começava a beber, cumprindo o ditado popular: “Pelo São Martinho, vai à adega e prova o vinho”.
A aguardente
Do bagaço que ficava na dorna ou na lagariça fazia-se a aguardente; quase sempre, era um senhor do Espinhal, que tinha uma caldeira, que vinha fazê-la a quem quisesse.
Tinha de ser numa loja ou num cabanal, um sítio onde se pudesse fazer um bom lume, porque a caldeira era grande. Enchia-se de bagaço; por cima, colocava-se o alambique com água fria e, por um processo de destilação, o vapor que saia da caldeira passava a líquido e ia correndo em fio para uma vasilha; depois, era despejada para garrafões de vidro, tecidos de verga, de cinco ou dez litros; esses garrafões, quase, desapareceram, quem os tinha, foi-os deitando fora, por já não terem utilidade.
Quem tinha pouco bagaço, menos de uma caldeira, podia juntar-se a outra pessoa e ambas faziam a aguardente e dividiam-na conforme o bagaço que cada uma tinha posto. Também havia pessoas que não a faziam, por terem pouco; davam o bagaço a alguém.

domingo, 10 de maio de 2020

A agricultura - a batata

Cada um remediava a vida como podia. O principal era o cultivo dos campos e a criação de animais. Havia também pessoas que se dedicavam a determinados ofícios, mas quase ninguém podia viver só disso.

Agricultura


A agricultura era a base da subsistência de toda a gente. Todas as pessoas semeavam o muito ou o pouco que tinham. Havia lavradores maiores, com uma junta de vacas ou até mais, e havia quem não tivesse nenhuma, por não ter terrenos. As pessoas que não tinham terrenos onde semear arrendavam um chão, quando isso era possível, ou cultivavam as terras dos outros de quartas e até de quintas.   

Cultivar de quartas e de quintas

Quando se tratava de quartas, ficava uma parte para quem cultivava e três partes para o dono do chão; quando se tratava de quintas, era ainda pior, davam-se quatro partes e ficava-se com uma. Mas, apesar, de ser muito trabalho e muito pouco lucro, para algumas famílias, não havia outra saída.

Principais culturas

As culturas principais eram a batata, o feijão, o milho e o pão, também havia quem cultivasse gravanços.

A batata

A batata cultiva-se cá há mais de duzentos anos – já vem referida no livro de 1758 – chamavam-lhe nessa altura “castanha da índia”, parece ser uma cultura muito adaptada aos terrenos daqui, dá-se bem em muitos lados, sobretudo, nos terrenos mais baixos e com água.
Semeada em março e abril, é uma cultura que precisa de muito trabalho, tem de ser "esgarranchada", sachada, regada, cada oito dias, até estar criada e se poder tirar, lá para o princípio de setembro.
As batatas guardam-se numa tulha, nas lojas; quando são precisas, vão-se buscar aí,