Uma salgadeira antiga (F: Gesteira)
A salgadeira
A salgadeira era uma arca de madeira, onde se
guardava, no sal, o que tinha sobrado da matança do porco: as peças de carne
gorda, os ossos, os pés, o focinho, as orelhas. O presunto que também ficava um
tempo na salgadeira.
A salgadeira
ia, depois, pouco a pouco, ficando vazia: primeiro eram os ossos e as banhas; a
seguir o presunto, no carnaval os ossos, os pés, o focinho e as orelhas; ficava
alguma carne gorda.
Cozer os ossos e derreter as banhas
Passado
algum tempo, não muito, derretiam-se as banhas e coziam-se os ossos. A família
era outra vez convidada para um almoço ou um jantar.
As banhas
partiam-se aos bocados e punham-se a derreter numa panela; com a ajuda de uma
colher de pau, ia-se espremendo, espremendo, até sair toda a gordura e ficar só
a febra das banhas, muito frita, parecia quase tostada, chamam-se “chichorros”;
comidos com batatas e couves, são muito bons.
A untura
A gordura
das banhas, antes de coalhar, deitava-se num pote de barro ou noutra vasilha e
guardava-se para temperar o ano todo, ficava num armário da cozinha, para estar
sempre à mão. Era a gordura que as pessoas mais utilizavam, pelo menos na sopa,
punha-se uma colher de untura e um fio de azeite e ficava boa. Agora, já ninguém
fala deste tempero, caiu em desuso quase completamente.