As arrematações nas escadas da varanda
A varanda das arrematações de antigamente |
A seguir à
missa, os mordomos arrematavam, nas escadas da varanda do sino, as esmolas que
as pessoas tinham dado em géneros. Podiam ser enchidos, queijos, azeite, um
coelho, uma galinha…, o que se tivesse em casa e se visse que podia render a
importância que a pessoa desejava dar de esmola.
Os mordomos faziam as arrematações
Se eram
esmolas para o Santíssimo, era o mordomo da igreja que fazia as arrematações;
mas se fosse para Santo António ou outro santo, eram os mordomos desses santos
que arrematavam as esmolas. O mordomo perguntava, a quem oferecia: “peço
quanto?” E a pessoa dizia uma quantia. Era essa quantia que, depois, pedia:
- “Vai a
arrematar por tanto (dizia o preço), quem dá mais?”
E assim
começava a arrematação. Às vezes, havia várias arrematações, mas não era
confuso, as pessoas ouviam, levantavam o braço e ofereciam dinheiro, para
cobrir o lance anterior. Quando duas ou mais pessoas estavam interessadas na
mesma coisa, assistia-se a um despique, o valor subia e rendia bem; outras
vezes, não era assim, havia poucos interessados e rendia menos.
Só muito
mais tarde, as pessoas deixaram de dar géneros, as esmolas passaram a ser dadas
apenas em dinheiro, como ainda hoje acontece.