Cantigas de roda
Não era
preciso haver bailes, para a malta nova se divertir. Cantavam e dançavam, ao
mesmo tempo, quadras como estas:
-“Ó menina
que vai passar/que leva na canastrinha/ Que a fruta para ser boa/ deve ser bem
madurinha. A fruta é boa/ todos a podem comprar/ É laranja escolhida/ para
gente particular/Se o senhor duvida disso/ posso lha dar a provar.
- Ó sopeira encantadora/
onde vais tão apressada/ Quem tem tanta formusura/ não devia ser crida. Que lhe
importa a onde eu vou/ se vou depressa ou devagar/ Se eu ganho muito ou pouco é
deitar-se a adivinhar/ com os seus elogios pouco pode aproveitar.
- Palavras
leva-as o vento/ aquelas que leves são/ mas a mim ninguém me leva/ as penas do
coração.
- Não se
prenda quem é livre, nem se pratique a maldade, fechando numa gaiola quem
nasceu para a liberdade.
- Está o céu
enevoado/ está para chover não chove/ está o meu amor doente/ está para morrer
não morre.
- Meu amor,
amor de outra/ não te posso chamar meu/ tu amas a quem tu queres/ e só na fama
fico eu. O meu amor eras tu/ se não te fosses gabar/ pela língua morre o peixe/
quem te manda a ti falar.