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quarta-feira, 2 de setembro de 2020

Coisas dos mercados e feiras (1)

 Havia coisas típicas dos mercados e das feiras que foram desaparecendo com o tempo, mas que muitos ainda recordam, certamente.

O regateio

Nos mercados e feiras tinha-se de saber regatear, para se poder comprar por um preço mais ou menos de acordo com o valor do produto que fosse. Pediam sempre muito mais, às vezes, o dobro do valor. Fosse o que fosse que se comprasse, era preciso oferecer menos, muito menos. A única maneira de não comprar mal, era perguntar o preço da mesma coisa, em várias tendas, não comprar na primeira e começar por oferecer uma quantia baixa, para dar margem para o regateio. Os vendedores, sempre que podiam, sempre que tinham margem de lucro, entregavam as coisas; mas, quando podiam vender, deixavam as pessoas ir embora. E o freguês é que decidia se queria voltar lá ou não.

O reclame

Estava sempre o homem ou a mulher do reclame a anunciar o milagre da pomada da “banha da cobra” que curava tudo, que se podia pôr em todo o lado, só em cima de feridas é que não – muitas pessoas acreditavam nesta pomada do reclame; do chá africano que tratava todas as doenças; do remédio que aliviava os calos...e muitas coisas mais eram anunciadas.

sábado, 29 de agosto de 2020

Mercados e feiras do Sabugal

Regresso do mercado ao centro do Sabugal
Tendas do mercado do Sabugal

Os mercados e as feiras do Sabugal

Há, no Sabugal, dois mercados mensais, na 1ª quinta-feira e na 3ª terça-feira de cada mês, e duas feiras anuais, a de São Pedro, dia 29 de junho, e a das melancias, na 1ª quinta-feira de setembro. 
As feiras eram muito fortes, havia muitas tendas, muita gente a vender e a comprar. Era um acontecimento para as aldeias, às vezes, dizia-se aos miúdos: “se te portares bem, se fizeres isto ou aquilo, levo-te à feira”. Nos dias de feira, até, podia haver baile, era como se fosse uma festa.
Primeiro, ia-se ao mercado de burra, aparelhava-se com a albarda e os alforges, onde se levava o que era preciso. Em cima, podia ir uma pessoa a cavalo e a segurar um “talego” ou uma cesta, com o que fosse necessário levar, dependia da época do ano e do que se tinha para vender. Num tempo em que quase não havia dinheiro, tinha de se levar o que vender – podiam ser queijos, ovos, sementes, galinhas, frangos..., o que houvesse em casa – para se poder comprar o que fizesse mais falta, com esse dinheiro que se fazia.
Tinha de se ir cedo e contar com as duas horas do caminho, para não se chegar tarde; quando isso acontecia, já não se vendiam, nem se compravam, as coisas da mesma maneira, embora os mercados fossem o dia todo. Quando se chegava, descarregava-se a burra, onde se queriam deixar as coisas e ia-se prendê-la a um certo lugar – quase todas as pessoas tinham, mais ou menos, um curral ou um sítio onde pôr a burra em segurança.
Os mercados já estiveram em vários locais, primeiro, eram dentro da vila, aí pela fonte, rua das Tílias, espaço frente à câmara e ao chafariz e noutros sítios; depois, foram mudados para a rua e o espaço perto cemitério e agora já são noutro lugar. Havia o mercado das sementes, o mercado ovos, coelhos e galinhas; o mercado do gado; e o mercado das tendas com loiça, ferragens, lata e latão, alumínio, ouro (havia muitos ourives nos mercados), roupa, calçado...

sábado, 22 de agosto de 2020

Lojas de venda (1)

O café de aguas
Café de Águas Belas - há sessenta e tal anos era uma loja com taverna e mercearia



As lojas de venda

Mais lá atrás, houve uma taberna, do senhor Manuel Félix, ao terreiro, e uma loja, de mercearia e outros produtos, do senhor Paixão, à praça. Mas, as vendas que todos recordam são a mercearia e taberna, do senhor Diamantino Pascoal, ao cimo do povo, que depois ficou para o filho, o senhor Ilídio Pascoal, que a explorou até poder, depois, fechou e nunca mais reabriu; e outra, também mercearia e taberna, do senhor Alípio Firmino, ao fundo do povo. Esta última transformou-se em café, anos mais tarde; quando o dono morreu também esteve algum tempo fechada, mas reabriu e atualmente é explorada por uma filha, a senhora Isabel Firmino.

 

As vendas a granel

Quase tudo nas antigas mercearias era vendido a granel, ao peso. As pessoas diziam quanto queriam levar de arroz, de massa, de açúcar, de farinha, de sal, de café..., e os comerciantes, faziam a pesagem. Usavam-se balanças de pratos iguais: num dos pratos, punha-se o que se queria pesar e, no outro, as medidas de peso, até os ponteiros ficarem “certinhos” um com o outro. Mais tarde, houve aquelas balanças automáticas que, até ao quilo, marcavam logo o peso.

quinta-feira, 20 de agosto de 2020

O comércio: vendas à porta

 


As vendas à porta de casa

Durante muito tempo vinham os compradores à porta: “tem batatas para vender? Olhe que venho cá apanhá-las, tal dia”. Na altura das castanhas, a mesma coisa. Quem queria vender, se via que o preço não era mau, aproveitava. Também, havia negociantes de cá, para a batata e a castanha.

Para tudo o que se colhia e criava, havia compradores: uns compravam vacas e bezerros, outros cabras e cabritos, outros ovelhas e borregos, outros porcos e leitões, outros galinhas, frangos, ovos...; até as peles das reses que se matavam se vendiam – punham-se a secar, de modo a não ficarem com nenhuma dobra e depois guardavam-se, até ao dia em que aparecesse um comprador.

O ferro velho

Com o ferro velho, igual, guardava-se até ao dia em que um comprador chegava e levava tudo, pagava pouco ou nada, mas as pessoas livravam-se daquilo que não servia para nada. Ainda agora é assim, o homem do ferro velho já não vem de burra e de saco às costas, mas vem de carrinha e leva o que já não presta.

segunda-feira, 17 de agosto de 2020

O comércio - as trocas diretas

 

O comércio era muito pouco desenvolvido. Só se comprava o indispensável, para as pessoas, as casas e a vida do campo. Talvez, os mercados e as feiras fossem os locais mais importantes, para a compra e venda de produtos, embora existissem outros locais e outras formas de o fazer.

Louça de Barro Foto de Padroense | Olhares - Fotografia Online
Loiça de barro

 

As trocas diretas

Vinham cá ao povo vender coisas que se podiam adquirir, por troca com produtos de cá. Da Idanha, vinham louceiros vender pratos, malgas, em barro vidrado e fino; mas também barranhas, barranhões, cântaros e bilhas de barro mais grosso; não havia plástico, toda a loiça era de barro. Montavam a tenda ali à praça, quase sempre no curral da ti Conceição e aí ficavam dois ou três dias.

Trocava-se a loiça por sementes; mais, por pão, mas também podia ser por batatas, feijão, milho…, conforme o valor do que se comprava, assim era a quantidade de semente que se dava em troca. Por exemplo, podia-se comprar uma barranha por uma malga de feijão ou duas de milho; também se podia comprar a dinheiro, mas pouca gente o tinha.

Não era só loiça, também vinham vender, por exemplo, laranjas: uma barranha de laranjas por uma de batatas; como cá não havia laranjas, era uma festa para os miúdos se as mães fossem trocar batatas por laranjas.