Todos os
anos se pediam as janeiras para Santo António e São Sebastião. Eram esmolas, dadas em géneros. Tinham esse nome, porque se realizavam, a seguir às matanças, até
final de janeiro. Cá pediam-se estas duas, porque eram os Santos com mais despesa, um por causa da
festa e o outro por causa da capela.
De
Santo António
Os mordomos
iam pedir a janeira. As pessoas davam produtos das matanças, chouriças, pés de
porco..., mas, também, feijão, milho e até pão; davam do que colhiam e tinham
em casa.
Havia quem
fizesse de propósito uma chouriça maior, para dar a Santo António. Uma
chouriça, dessas grandes, era como três ou quatro das pequenas; não era,
sempre, assim, mas, às vezes, ou porque o porco adoecia, com uma febre ou outra
coisa, prometiam dar uma chouriça, desta ou daquela medida, para ver se se
curava.
No domingo a
seguir, era a arrematação: os mordomos punham tudo, bem posto, na mesa das
arrematações e quem queria, chegava-se à frente e oferecia uma certa quantia;
vinha outro e cobria o lance, às vezes, assistia-se a um despique grande, entre
quem estava interessado, era quando a janeira rendia mais; se já ninguém
oferecia mais, arrematava-se, entregava-se a quem tivesse feito o último lance.
Costumava
arrematar as janeiras, quem não matava o porco; às vezes, se o preço era bom,
ficava-se bem, porque as coisas eram boas, as pessoas davam o melhor que tinham
e toda a gente fazia os enchidos da mesma maneira.
De
São Sebastião
Antes do dia
20 de janeiro, o mordomo pedia a janeira; as pessoas davam também coisas do
porco e sementes, mas uma esmola menos avantajada do que para Santo António.
O mordomo
reunia tudo, colocava a janeira no banco da capela ou numa mesa e no fim da
missa arrematava-se; a maneira de arrematar era a mesma, levava a janeira quem
desse mais.