A
encomendação das almas
Era uma
tradição do período da Quaresma. Um grupo de pessoas, homens e mulheres, no
geral, mais mulheres e as que sabiam cantar melhor, reuniam-se lá pela
meia-noite e começavam a encomendar as almas, durante nove dias. Era a novena
da encomendação das almas.
Cantavam
orações próprias do tempo da Quaresma, cânticos da paixão, com uma letra e uma
melodia que parecia quase um choro. Começavam na varanda do sino, depois,
cantavam ao fundo e ao meio do povo e, ainda, à capela e ao calvário. Muitas
pessoas já estavam na cama, não ouviam, mas outras punham-se a escutar aquele
cantar triste, pelas almas dos defuntos. Alguns dos versos eram assim:
1.
Para além da
sepultura
 no lugar da expiação 
quanta dor
quanta amargura 
as almas
sofrendo estão.
2. Oh
misericordioso
 clementíssimo Jesus 
dai-lhe o
eterno descanso 
o gozo da
eterna luz.
3. Oh minha
mãe bondosa
 para o purgatório olhai
 daquelas terríveis penas
 as almas libertai.
4. No céu
entrarão
 as almas predestinadas
 libertas do mal 
depois de
purificadas.
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