Peneirar
A farinha
peneirava-se para a maceira, onde se ia para amassar o pão, com uma peneira de
pano fininho; comprava-se nos mercados. Havia umas mais bastinhas e outras mais
ralas; quando se queria o pão fino e branco, peneirava-se até duas vezes. Esta
farinha grosseira, que se tirava da peneira mais fininha, não se estragava,
quando se amassava, fazia-se uma bola de pão, numa barranha à parte, ou numa
ponta da maceira.
Peneirar o
pão era uma “ciência”; o pão ficar bom ou não dependia da farinha, se fosse
peneirada com uma peneira grossa, para se aproveitar quase tudo, era certo que
não ficava branquinho. O que ficava na peneira, o farelo, ia-se deitando num
saco ou numa vasilha e era utilizado nas viandas dos porcos.
Amassar
Fazia-se uma
cova naquela quantidade de farinha, punha-se a água que era precisa, sempre
morna, já com o sal e o fermento dissolvidos; amassava-se tudo muito bem
amassado, de dentro para fora, até estar tudo bem envolvido e bem amassado. Não
chegava só misturar, tinha-se de bater a massa para ficar o mais fina possível,
claro que cada pessoa fazia da forma que podia. No final, espalhava-se um
bocadinho de farinha por cima da massa, alisava-se, punham-se umas cruzes e
fazia-se uma reza:
- Deus te
finte e Deus te acrescente, que és para muita gente. À Senhora do Castelo, que
te faça bem belo. À Senhora do Mercado, que te faça bem olhado.
Muitas
pessoas amassavam e não faziam nada, mas muita gente fazia estas rezas,
acreditando que o pão se ia fintar bem e ficar bom.
O
fermento
O fermento
ficava dumas vezes para as outras. Do pão finto, tirava-se uma tigela de massa,
para servir de fermento para a próxima vez. Ficava nessa «malguinha» de barro,
acautelado, até voltar a ser preciso.
Tender
Quando estava crescido, duas ou mais vezes o volume da massa, punha-se a mão por cima e, se estivesse levezinha, o pão estava finto e podia-se começar a tender. A tender já não se dava muita volta, tirava-se uma porção, faziam-se pães grandes, dava-se a forma redonda, alisava por cima com um bocadinho de farinha e punha-se dentro do tabuleiro, coberto com um pano branco, de estopa, de linho ou de pano-cru, conforme o que cada pessoa tinha.
Ao colocar-se cada pão, fazia uma dobra com o pano, para se irem separando os pães uns dos outros. No final, com o resto do pano, cobria-se todo o tabuleiro. O pão ia limpo e embrulhadinho para o forno. Um tabuleiro levava muito pão, pelo menos duas “carreiras”. Eram as mulheres que levavam os tabuleiros à cabeça, usavam uma “molídia” para poderem suportar o peso em cima da cabeça.