Desamuar
o forno
Eram sempre
duas ou mais pessoas a desamuar o forno; cá era de quinze em quinze dias, mas,
em muitas terras, era todas as semanas. Desamuar o forno era deitar-lhe o lume,
aquecê-lo para a primeira fornada. Era preciso muita lenha, um carro ou mais de
giestas e piornos, daquelas giestas negrais com toros grossos; no verão, não
era preciso tanta lenha, mas no inverno, um carro de mato, nem sempre chegava.
Às vezes, a lenha estava toda molhada, era uma trabalheira, desamuar o forno.
Desamuava a
quem tocava, era à vez; não eram sempre os mesmos, regra geral, era quem tinha
homens e carros de vacas para acartar a lenha, o primeiro forno era muito
trabalhoso. Depois de desamuado, o forno estava sempre a funcionar, até todas
as pessoas cozerem. A cada fornada, deitava-se de novo o lume, mas já não era
preciso tanta lenha, cada pessoa levava um feixe bom e quase sempre dava. Só,
quando as pessoas tinham o pão finto é que deitavam de novo o lume.
A
fornada
De cada vez,
podiam cozer o pão quatro ou cinco famílias, conforme o que cada uma cozia,
havia pessoas que coziam muito pão, tinham muitos filhos. Às vezes, alguém
queria cozer e perguntava: - Posso cozer convosco?
Se cabia,
não havia nenhuma dificuldade, mas, quando já se via que não cabia mais pão,
dizíamos: - Ai Jesus que já não cabe mais pão!
Mas, se não
houvesse outra maneira, tinha que se apertar mais o pão e essa pessoa não
ficava sem cozer. No geral, eram quase sempre as mesmas parceiras, nós eramos
quase sempre com as mesmas. Às vezes, cozia-se de noite, para não arrefecer o
forno, era preciso ir lá ao cimo do povo avisar as pessoas. Cozia-se de noite,
para nunca arrefecer o forno, e para se deitar de novo o lume, tinha-se de
saber se já todas tinham o pão finto, porque enquanto se tendia e se chegava,
os homens preparavam o forno.
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