Logo de manhã bem cedo, vinham os homens tomar o pequeno-almoço: café, pão com queijo, chouriça, presunto..., para, a seguir, irem matar o porco.
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Era assim... (F: esep jornal digital) |
Matar
o porco
Tapava-se a
porta da cortelha, aquela parte mais resguardada, onde o porco dormia, porque,
se calhava a enfiar-se lá, era difícil tirá-lo; abria-se a porta do cortelho e
tentava-se que saísse para fora; nessa altura, um homem, já com uma corda
preparada, prendia-o por uma perna.
Era levado
para o sítio onde ia morrer, geralmente, no curral, em cima de um banco de
madeira comprido. Quando estivesse bem seguro, um dos homens metia-lhe uma faca
grande, na direção do coração; se corria bem, começava logo a sangrar e não
tardava a morrer. Uma senhora apanhava o sangue para dentro de um alguidar,
onde já estava uma mão cheia de sal, e mexia sempre para não coalhar; este
sangue era levado para casa e deitado na barranha das morcelas, misturando-se
logo tudo muito bem.
Voltavam a
cozer a capadura para não sair nenhum sangue e começavam a queimar-lhe o pêlo,
com molhinhos de palha; depois, lavava-se todo bem lavado e com uma pedra
apropriada raspava-se a pele já queimada; a seguir, raspavam-se os pêlos que
ainda restassem com facas ou navalhas afiadas.
Quando
estava bem limpo, fazia-se um rasgo nos tendões dos pés traseiros e
colocava-se-lhe um pau forte, um “chambaril”, para suportar o peso do porco;
era levado em peso e pendurado, junto a uma parede ou um taipal, para poder ser
aberto.
Abrir
o porco
Havia uma
forma correta de abrir o porco, para que as tripas saíssem, juntamente, com as
miudezas (fígado, coração, rins, fobe, «passarinha»...), sem rebentar ou estragar
nada. Eram colocadas num tabuleiro e duas ou três mulheres começavam a tratar
de as desenlear, de as separar umas das outras, tirando todas as gorduras.
A seguir,
tirava-se uma parte daquela carne da barriga, para se cozer para o jantar da
matança, juntamente com os ossos da suã; tirava-se a carne conforme as pessoas
da família, se eram muitas tirava-se mais. No final, terminava-se de arranjar
tudo como devia ser e deixava-se o porco “enxugar”, até ao dia da desmancha.