segunda-feira, 9 de março de 2020

Bens públicos: os baldios, o campo de futebol...


Os baldios

São terrenos do povo que a junta de freguesia administra. Alguns eram arrematados todos os anos a quem mais desse; outros ficavam por arrendar e quem quisesse podia andar lá, sobretudo, os que davam mato e pastagens, como os baldios dos Barreiros, do Brejo, da Açude….
Ao longo do tempo, a maior parte dos baldios foi vendida; mas, ainda hoje, a junta de freguesia recebe a renda das torres eólicas do campo da bola, um baldio.

O campo de futebol

O campo da bola fica num baldio, lá para os lados da Sangrinheira. Há muito que não é utilizado, mas tempos houve em que os jovens, daqui, jogavam lá à bola, entre eles. ou com equipas de aldeias vizinhas, da Sobreira, da Quarta-feira...

As lajes

Para malhar o pão, havia lajes com grandes e boas “laijeiras”, algumas em propriedades que pertenciam a determinadas famílias, embora se pudesse malhar nelas, tinha de se ter ordem dos donos. Pedia-se-lhes: “posso levar o pão para a vossa laje?” Ninguém dizia que não.
Mas, a laje da Rã é pública, as pessoas que queriam punham lá o pão e o milho sem terem de pedir ordem ou favor ao dono da laje. Lá para o cimo do povo, bem perto da escola e também do lado de cima, há várias lajes. Há ainda a laje da Reduta, não longe do fundo do povo; não é do povo, pertence a uma família, mas punha-se lá o que se queria, pão ou milho, sem ser preciso pedir ordem, os donos não diziam nada a ninguém.

sexta-feira, 6 de março de 2020

A rede de água - os chafarizes



Os chafarizes

 
O chafariz do fundo do adro
Talvez, no início dos anos oitenta, explorou-se a água, para os lados da Sangrinheira, ainda lá está o depósito, e canalizou-se para três chafarizes: à capela, à praça e ao fundo do povo. Passados anos, foram construídos mais chafarizes: ao fundo do adro, à cruzinha e ao calvário.

A rede da água do povo


Alguns anos mais tarde, canalizou-se esta água para as habitações das pessoas. Como tinha sido explorada pelo povo, ligava-se a canalização das casas à rede e não se pagava nada. Nem sempre tinha a pressão adequada, às vezes, falhava, sobretudo, no verão, quando havia muita gente, mas foi uma coisa muito boa; quando há poucos anos se teve de ligar a rede doméstica à rede municipal, todos puderam ver a despesa que a água dá.

domingo, 1 de março de 2020

As presas do ribeiro e do ribeirinho



As presas do ribeiro e do ribeirinho


Durante o inverno e grande parte da primavera, lavava-se também a roupa em dois ribeiros: o ribeiro do cimo do povo e o ribeirinho ao fundo do povo. A água é de uma barroca que vem lá dos lados da Sangrinheira, atravessa o povo e corre para os lados de Vale Mourisco. Entancava-se a água numa espécie de presa e lavava-se lá bem, tinha lavadoiros e sítios para pôr a corar e para estender, embora pequenos; quando havia água no ribeirinho, as pessoas do fundo do povo não iam para outro lado lavar a roupa, tal como as do Calvário, quando havia água no ribeiro, não iam lavar a outro lado. O problema é que, ainda antes de entrar o verão, a água da barroca já não era suficiente para poder ser desviada para estas presas, chegando mesmo a secar.
Mais tarde, quando começou a haver água em casa, as pessoas compraram pequenos tanques de cimento para lavarem a roupa e deixaram de lavar nas presas. Agora, já nem esses tanques se usam, todas as pessoas têm máquinas para lavar a roupa.


As presas para lavar a roupa



As presas



Perto das fontes, havia uma presa para lavar a roupa. A presa da fonte Velha já não existe, foi desfeita, tiraram os lavadouros e aterraram-na, primeiro para fazer um grande largo, onde faziam os bailes, pelas festas e outros encontros e convívios; mais tarde, fizeram a sede da Associação e o pavilhão multiusos.

A presa da Fonte Velha


Junto à presa da fonte Velha, havia uma lameirinha, sempre de erva rente, para se pôr a roupa a corar – quando se punha roupa a corar, ensaboava-se muito bem e ia-se molhando, de vez em quando, porque, se secasse, ficava com uns vincos difíceis de sair – o sol tirava as nódoas e punha tudo branquinho. Não havia nem fios, nem molas, a roupa punha-se a secar naquelas paredes e silvas. Era preciso muito cuidado, para não rasgar a roupa.

A presa da Fonte Nova


A presa da fonte Nova ainda hoje lá está, ao cimo da rua da Carreira, do lado direito[1]. A água vem da fonte Nova atravessa a rua, por um pequeno aqueduto, empedrado, agora, com manilhas de cimento. Os lavadoiros, ainda lá estão, são pedras retangulares, grandes e linhas para se poder lavar sem romper a roupa. Como ficava num lameiro com dono, havia pouco espaço para pôr a corar e para estender, por isso, muitas pessoas preferiam a outra presa, embora a água da presa da fonte Nova estivesse mais limpa que a da fonte Velha.



[1] Foi há muito pouco tempo reabilitada; pode lavar-se nela, mas as pessoas já não têm esse costume.

domingo, 23 de fevereiro de 2020

As fontes e os bebedouros



As fontes

A fonte nova
Havia duas fontes, que ainda existem, para abastecer de água toda a aldeia: a fonte Nova e a fonte Velha. De início, eram fontes de mergulho, funcionavam como poços, onde as pessoas com cântaros de barro e depois com cantaras ou baldes de plástico, iam buscar água para a sua alimentação e higiene e também para a comida do vivo e a limpeza das casas.
Mais tarde, fecharam as fontes, com uma porta de ferro e puseram em cima uma bomba manual; era preciso dar à bomba, para encher os cântaros. Era a mesma água, mas já não se mergulhava, ficava mais limpo; nas fontes de mergulho, muitas pessoas não tinham cuidado e a água sujava-se com palhiço e outras coisas, às vezes, até criava limos. Uma vez por ano, ou mais, era preciso limpar as fontes; despejava-se a água e roçava-se tudo bem “roçadinho”: o chão, as paredes e o teto. A limpeza das fontes era feita pelo povo, num dia combinado.

Os bebedouros     

O bebedouro da fonte velha
Junto às fontes, havia um bebedouro para o vivo; eram feitos de pedra, com uma fundura suficiente para todos os animais beberem. De vez em quando, mais à noite, quando vinham do campo, formava-se uma fila de vacas a querer beber; era preciso esperar pela vez. Os donos tinham de estar de olho nas vacas, senão, até, se podiam marrar. Primeiro, quando as fontes eram de mergulho, tirava-se a água da fonte com baldes, depois dava-se à bomba manual e a água corria para o bebedouro.
Mais tarde, construíram-se outros bebedouros, junto aos chafarizes, na Cruzinha, à igreja, ao cimo do povo... 



O forno

O forno comunitário 

A casa do forno fica na rua do Meio, entre a praça e o cimo do povo. Entra-se e tem, à frente, o forno circular, todo de pedra, do lado direito, o local onde se colocavam os tabuleiros do pão, e, do lado esquerdo, uma pia onde se colocava a água que servia para molhar o varredouro que varria o chão do forno. Foi reconstruído, há pouco tempo, tem no exterior uma placa: “forno comunitário”; na verdade assim era, foi usado durante muito tempo por toda a comunidade.

domingo, 16 de fevereiro de 2020

A cantina escolar



A cantina escolar

 Numa certa altura, nos anos sessenta, o Estado dava uma espécie de almoço: uma sopa, um copo de leite (leite em pó, dissolvido em água), uma fatia de pão com um queijo alaranjado (holandês) e uma colher de óleo fígado bacalhau (recordo que tinha um sabor muito ruim e de nem todos os meninos o conseguiam tomar). Esta cantina funcionava numa espécie de loja[1], com mesas e cadeiras, lá mesmo no alto Calvário; quem fazia o almoço e cuidava da cantina era uma senhora chamada Marcelina.


[1] Pertencia ao senhor António Costa. Houve outras senhoras e outros locais, posteriormente.