A
vinha
Quase todas
as pessoas tinham uma vinha, umas latadas ou uns cordões de “vides” (videiras),
junto às paredes dos “chões”. Colhiam-se as uvas, quando estivessem bem
maduras, para se fazer o vinho
O
vinho
Quem tinha
mais vinho, esmagava as uvas em lagariças, primeiro, tanques de pedra e, mais
tarde, de cimento. Se as uvas não eram muitas, esmagavam-se em baldes e ia-se
deitando o conteúdo para uma dorna. O vinho tinha de se mexer, com um pau alto,
até ferver, nessa altura, o bagaço vinha para a parte de cima e o vinho ficava
na parte de baixo.
A seguir,
tirava-se das lagariças ou das dornas para as barricas ou para os pipos, às
vezes, saia já da dorna muito limpinho. Estas barricas ficavam nas lojas ou nas
adegas, quem as tinha, deitadas na posição horizontal, assentes em calços de
madeira, para ficarem quase todas no ar e, assim, o vinho não se estragar.
Depois do vinho aclarar, tapava-se a abertura de cima, com uma rolha de
cortiça, colocando cinza à volta, para ficar bem vedada; também se lhe colocava
uma torneira, na parte da frente, em baixo.
O vinho novo
estava pronto. Mas, só depois do São Martinho é que se começava a beber, cumprindo
o ditado popular: “Pelo São Martinho, vai à adega e prova o vinho”.
A
aguardente
Do bagaço
que ficava na dorna ou na lagariça fazia-se a aguardente; quase sempre, era um
senhor do Espinhal, que tinha uma caldeira, que vinha fazê-la a quem quisesse.
Tinha de ser
numa loja ou num cabanal, um sítio onde se pudesse fazer um bom lume, porque a
caldeira era grande. Enchia-se de bagaço; por cima, colocava-se o alambique com
água fria e, por um processo de destilação, o vapor que saia da caldeira passava
a líquido e ia correndo em fio para uma vasilha; depois, era despejada para
garrafões de vidro, tecidos de verga, de cinco ou dez litros; esses garrafões,
quase, desapareceram, quem os tinha, foi-os deitando fora, por já não terem
utilidade.
Quem tinha
pouco bagaço, menos de uma caldeira, podia juntar-se a outra pessoa e ambas
faziam a aguardente e dividiam-na conforme o bagaço que cada uma tinha posto. Também
havia pessoas que não a faziam, por terem pouco; davam o bagaço a alguém.
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