quarta-feira, 17 de novembro de 2021

Contos tradicionais - O sapateiro pobre

  

O sapateiro pobre         

Era uma vez um sapateiro pobre que vivia com a mulher e os muitos filhos que tinha. Ganhava pouco, mas vivia feliz. À noite, pegava na sua viola, tocava e cantava com os filhos à volta.

Em frente da casa do sapateiro pobre, vivia um homem muito rico que, ao ver aquela pobreza, pensou em dar um saco cheio de dinheiro ao sapateiro. Chamou-o e disse-lhe:

- Tenho pena que passe tanta necessidade, aqui tem este saco cheio de dinheiro para poder melhorar a sua vida e a dos seus filhos.

O sapateiro pobre nem queria acreditar, com aquele dinheiro podia mudar a sua vida para muito melhor. Nessa noite já não tocou viola e já não houve cantoria. Meteu-se num quarto com a mulher a contar o dinheiro. Mas os filhos, que andavam pela casa a fazer barulho, fizeram com que ele se enganasse mais do que uma vez. Foi difícil contarem tanto dinheiro, mas o pior veio a seguir, não sabiam o que fazer com ele.

- Metemos o dinheiro dentro de um cântaro de barro e vamos enterrá-lo – disse a mulher.

-Não, podemos esquecer-nos do sítio e perder o dinheiro, para sempre.

- Então, vamos metê-lo numa arca cá em casa.

- Não, porque podem vir cá e roubar a arca.

- O melhor, então, é comprar terras que ninguém as leva.

- Não, o melhor é levantar a casa e arranjar a oficina.

- Não, se levantamos a casa, gastamos tudo e ficamos outra vez sem nada.

Discutiram e voltaram a discutir, sobre o que fazer com o dinheiro, mas não chegaram a um acordo. O homem zangou-se, ralhou com a mulher e com os filhos e, nessa noite, em vez de alegria, houve choro e tristeza. O sapateiro pobre pensou: “se eramos felizes antes termos o saco do dinheiro o melhor é entregá-lo de volta ao vizinho rico”.

Assim fez. Foi entregar o saco do dinheiro ao vizinho rico. 

- Ó homem, então, traz-me o dinheiro de volta?

- Não quero esta riqueza, porque só me trouxe tristeza. Quero voltar para a minha vida de sapateiro pobre, ganhar o pão de cada dia e, à noite, tocar e cantar, como dantes, com os meus filhos à volta.

Afinal, ter muito dinheiro, pode não fazer as pessoas mais felizes.

 

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