O
sapateiro pobre
Era uma vez
um sapateiro pobre que vivia com a mulher e os muitos filhos que tinha. Ganhava
pouco, mas vivia feliz. À noite, pegava na sua viola, tocava e cantava com os
filhos à volta.
Em frente da
casa do sapateiro pobre, vivia um homem muito rico que, ao ver aquela pobreza,
pensou em dar um saco cheio de dinheiro ao sapateiro. Chamou-o e disse-lhe:
- Tenho pena
que passe tanta necessidade, aqui tem este saco cheio de dinheiro para poder
melhorar a sua vida e a dos seus filhos.
O sapateiro
pobre nem queria acreditar, com aquele dinheiro podia mudar a sua vida para
muito melhor. Nessa noite já não tocou viola e já não houve cantoria. Meteu-se
num quarto com a mulher a contar o dinheiro. Mas os filhos, que andavam pela
casa a fazer barulho, fizeram com que ele se enganasse mais do que uma vez. Foi
difícil contarem tanto dinheiro, mas o pior veio a seguir, não sabiam o que
fazer com ele.
- Metemos o
dinheiro dentro de um cântaro de barro e vamos enterrá-lo – disse a mulher.
-Não,
podemos esquecer-nos do sítio e perder o dinheiro, para sempre.
- Então,
vamos metê-lo numa arca cá em casa.
- Não,
porque podem vir cá e roubar a arca.
- O melhor,
então, é comprar terras que ninguém as leva.
- Não, o
melhor é levantar a casa e arranjar a oficina.
- Não, se
levantamos a casa, gastamos tudo e ficamos outra vez sem nada.
Discutiram e
voltaram a discutir, sobre o que fazer com o dinheiro, mas não chegaram a um
acordo. O homem zangou-se, ralhou com a mulher e com os filhos e, nessa noite,
em vez de alegria, houve choro e tristeza. O sapateiro pobre pensou: “se eramos
felizes antes termos o saco do dinheiro o melhor é entregá-lo de volta ao
vizinho rico”.
Assim fez.
Foi entregar o saco do dinheiro ao vizinho rico.
- Ó homem,
então, traz-me o dinheiro de volta?
- Não quero
esta riqueza, porque só me trouxe tristeza. Quero voltar para a minha vida de
sapateiro pobre, ganhar o pão de cada dia e, à noite, tocar e cantar, como
dantes, com os meus filhos à volta.
Afinal, ter
muito dinheiro, pode não fazer as pessoas mais felizes.
Sem comentários:
Enviar um comentário