Lavar as tripas
As tripas
eram lavadas nos ribeiros, onde houvesse água limpa e corrente, para se poderem
lavar bem lavadas. Depois de despejada a porcaria das tripas grossas e miúdas,
começavam-se a lavar; era preciso muitas voltas, até ficarem boas. Às vezes, as
tripas miúdas eram limadas, com a ajuda de duas palhas e muito jeitinho; ao
ripar-se pela tripa abaixo, saia a parte que não era boa e a tripa ficava logo
limpa.
Quando as
mulheres chegavam de lavar as tripas, as que tinham ficado em casa já tinham
preparada a massa das morcelas.
As morcelas
Faziam-se
logo no dia da matança, com o sangue do porco. Num barranhão grande, já com o
pão partido, deitava-se o sangue, mistura-se tudo, depois, deitam-se as
gorduras partidas muito fininhas, o sal, os cominhos, a salsa, a cebola ralada
e algum azeite, tudo misturado, com as mãos, até ficar bem desfeito. Provava-se
a massa e, se estivesse boa, enchiam-se.
Quase sempre
as tripas grossas eram talhadas para fazer as morcelas; coziam-se com uma
agulha, de um lado, enchiam-se e atavam-se, do outro lado. Também se costumavam
encher morcelas em tripas de vaca.
As morcelas
grossas tinham de ser cozidas, senão estragavam-se. A panela ou o caldeiro,
onde se punham a cozer, não podia ferver muito para não rebentarem. Quando já
estavam cozidas, tiravam-se e punham-se no tabuleiro para arrefecerem; as
outras morcelas não precisavam de cozer assim, escaldavam-se, para não ficarem a
pingar, quando se pusessem no caniço.
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