Gare de Austerliz, em Paris, onde chegavam os emigrantes |
A emigração estava fechada, era proibida pelo estado português, mas, a partir de determinada altura, através de cartas de chamada, um documento vindo de França, atestando que aquela pessoa tinha trabalho assegurado, em determinado patrão ou firma, e tinha onde ficar alojado, conseguiam-se arranjar papéis, junto das autoridades portuguesas. Mas, antes, tinham de passar por um exame médico – só aos que estivessem aptos para trabalhar davam o passaporte e a documentação, para poderem emigrar dentro da lei.
As mulheres que ficavam
Muitas
mulheres, jovens mães, ficaram sozinhas, a criar os filhos, a tratar da casa e
ainda a terem de trabalhar nos campos, com uma dureza a que não estavam
habituadas. Mesmo os trabalhos mais pesados, antes destinados aos homens, eram
agora realizados por estas mulheres – lavravam, carregavam carros de lenha,
faziam cavacos, cortavam feno… – foi dura, por esses anos, a vida destas
mulheres.
Muitas
delas, passados pouco tempo, puderam reunir-se com os maridos; outras, poucas,
nunca saíram de cá e os maridos foram os primeiros a regressar.
[1]Eram desertores por terem deixado de cumprir o que
as autoridades portuguesas entendiam ser um dever: servir a pátria, no serviço
militar obrigatório.
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