O
linho
Há muito que
deixou de se cultivar. Mas, nos anos cinquenta, ainda se semeava por cá muito
linho. Era semeado das sementes da linhaça, uma sementinha espalmada. Nascia e
tinha de se sachar, mondar e regar, até a planta crescer, a uma altura de 50/60
centímetros, ter flor e começar a secar. Nessa altura, arrancavam-se mãos
cheias de linho e colocavam-se umas em cima das outras, cruzando-as sempre,
para ficarem separadas.
Ripar
Depois, com
a ajuda de um ripanço, uma tábua larga, dentada numa das extremidades,
passavam-se mãos cheias de linho, por entre aqueles dentes de madeira, até cair
toda a baganha; a baganha era a semente que se aproveitava para se semear no
ano seguinte.
Curtir
A seguir,
faziam-se feixes, atavam-se e punham-se debaixo de água, numa ribeira, de
preferência onde houvesse água a correr. “Íamos pô-los na ribeira do Pomar,
quando se vai para a Quarta-feira, ficavam na água oito dias ou até mais,
quando o linho já estava a ficar mole, tirava-se e estendia-se ao sol, para
ficar bem seco. Muita gente punha-o a secar, em pé, encostado a uma parede ou
encostado um ao outro, a fazer uma espécie de “palheirinhos”, o importante era
secar bem.
Maçar
Depois de
seco, tornava-se a pôr em feixes e voltava para a água. O linho ia duas vezes à
água e duas vezes era seco, tinha de curtir bem. Quando se via que estava
molinho e já se podia manobrar bem, tirava-se e maçava-se com uma maça de
madeira: batia-se, batia-se...
Espadelar
Com um
utensílio de madeira, uma espadela, davam-se pancadas no linho, seguro pelas
raízes, de cima para baixo, para tirar os “tomentos” e o resto que não fosse
bom. Estes “tomentos”, a parte grossa do linho, não se deitavam fora, podiam
fiar-se e fazer-se sacos mais grosseiros, como os das batatas.
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