segunda-feira, 1 de novembro de 2021

Contos tradicionais - O rapaz e o ceguinho

 

2- O rapaz e o ceguinho              

Era uma vez um ceguinho que andava, de porta em porta, a pedir esmola, guiado por um rapaz. Naquele dia, uma senhora deu-lhe um bocado de pão com chouriça.

O rapaz, que era muito espertalhão, pensou logo em meter a chouriça no bornal, para a ir comendo às escondidas e dar o pão seco ao ceguinho.

O ceguinho começou a comer o pão e disse ao rapaz:

- Cheira-me o pão a chouriça!

- Não cheira a chouriça. Pode acreditar que não me deram chouriça, só me deram pão seco.

- Nada disso, meu velhaco, comeste a chouriça e deste-me o pão sozinho.

Começaram, logo, uma discussão: um a dizer que não, outro a dizer que sim, até que o ceguinho pegou no bordão e deu umas bordoadas nas costas do rapaz.

- Também não é para tanto – grita o rapaz cheio de dores.

Ficou tão zangado que pensou logo que o cego lhe ia pagar aquelas pancadas. Mais à frente, no caminho, quando passaram junto de umas árvores, o rapaz orientou o ceguinho para uma árvore e disse-lhe:

- Salte que é um muro.

O ceguinho, julgando que era um muro, saltou e bateu com a cara no tronco de um sobreiro. Ficou com a cara toda esmurrada e também cheio de dores.

O rapaz disse-lhe, então:

- Cheira-lhe o pão a chouriça e não lhe cheira o sobreiro a cortiça!

- Seu velhaco, não posso confiar em ti!

O ceguinho andava pela mão do rapaz, pensando que ele era de confiança e afinal não podia confiar nele. 

 

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