Os
entrudos
Alguns
rapazes vestiam-se de entrudo, disfarçados, a jeito de ninguém os conhecer, com
roupa velha e a cara tapada, com uma meia ou um pano. Na noite do entrudo, já
se estava à espera deles. Chegavam às cozinhas, cumprimentavam, faziam gestos,
moafas…, mas não falavam, para não se darem a conhecer.
- Olá, estás
muito bonito! De onde é que vens, vestido dessa maneira? Estás muito bem, sim
senhor!
No dia de
Carnaval, também, andavam os entrudos; de vez enquanto, aparecia uma maltinha,
até, com crianças pequenas que vinham pela mão dos mais velhos, lá iam todos
dar a volta ao povo. Os garotinhos, às vezes, tinham medo, porque os entrudos
corriam atrás deles, com aqueles paus grandes que traziam, mas era só para
assustar, não faziam mal, eram até divertidos.
Continua
esta tradição, mas agora quase já não há entrudos de cara tapada, vão com
disfarces engraçados.
As
partidas de Carnaval
Uma partida
que os rapazes faziam, nesse tempo, era trocarem os vasos das flores que as
raparigas tinham nas varandas. Punham os do cimo ao meio ou em baixo, os de
baixo em cima ou ao meio, uma mistura. De manhã, quando as raparigas davam
conta do que tinha acontecido, iam à procura dos vasos que lhes pertenciam.
Era uma
brincadeira divertida, ninguém levava a mal. Os rapazes em geral faziam isto às
raparigas com quem tinham mais confiança.
O
galo para a professora
Todos os
anos, os alunos da escola compravam um galo para oferecerem à senhora
professora, no último dia de aulas, antes das férias do Carnaval. Enfeitavam-no
com fitas e punham-no numa cesta de verga. A professora costumava, nessa
altura, dar qualquer coisa às crianças, quase sempre, uns rebuçados.
Sem comentários:
Enviar um comentário