O sino da igreja
A torre sineira |
A igreja tem
uma pequena torre com um sino, aonde se sobe por uma varanda. O toque do sino
era muito importante, nesse tempo, em que quase não havia relógios; tocava-se
não apenas para a missa e outras rezas, mas também para as crianças saberem que
era hora de irem para a escola e sempre que se queria juntar o povo, para
tratar de qualquer assunto que fosse do interesse de todos.
Tocar à missa
Nas missas
do domingo, havia três toques, ainda hoje é assim: a primeira, uma hora antes;
a segunda, meia hora antes; e três badaladas, mesmo antes de começar. Nas
missas dos dias de semana, tocava-se só uma vez.
Tocar às Avé-Marias
Logo de
manhã cedo, antes do sol nascer, tocavam às Ave-marias: - olha que já estão a
tocar às Ave-marias, levanta-te, põe-te a pé” – diziam muitas vezes as mães e
os pais aos filhos.
Tocavam três
badaladas seguidas, depois faziam uma pequena paragem, repetiam mais duas vezes
e no final tocavam um bocadinho seguido, nove ou dez badaladas, mais ou menos.
Rezavam-se
três Ave-Marias:
- O Anjo do
Senhor anunciou Maria e ela concebeu pelo poder do Espírito Santo, Ave- Maria.
- Eis, aqui,
a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a Vossa Palavra, Ave-Maria.
- O Verbo
Divino encarnou, fez-se homem e habitou entre nós, Ave- Maria.
Tocar às Trindades
Era o mesmo
toque das Ave-Marias e a mesma reza. Tocava-se às Trindades junto ao escurecer,
depois do pôr-do-sol; quando se ouvia tocar às Trindades, sabia-se que era hora
de deixar a lida do campo e de regressar a casa.
Tocar a sinais
É um toque
diferente. Toca-se uma badalada, espera-se um momento e tocam-se mais duas
badaladas, repete-se esta sequência duas vezes seguidas, se for mulher, e três
vezes se for homem; depois faz-se um intervalo e repetem-se os sinais as vezes
que se achar bem.
Quando
morriam anjinhos, bebés e crianças pequenas, também tocavam sinais, mas o toque
era diferente.
Tocar de aflição
Quando havia
um fogo (incêndio), um animal caía para um poço, um carro de vacas se virava
num caminho ou numa ribanceira ou em outra qualquer aflição que houvesse no
povo, tocava-se o sino a rebate, muito depressa, sem parar.
Quem ouvia
sabia logo: - alguma coisa aconteceu!
Estivessem
onde estivessem, em casa ou nos campos, todas as pessoas vinham ver o que
passava e acudiam.
O relógio do sino
Durante muito
tempo houve um relógio que, por um sistema de altifalante, colocado na torre da
igreja, dava as horas e assinalava as meias e os quartos de hora.
O relógio
continua na igreja, está a um canto numa das paredes da capela-mor, mas já não
dá horas para o povo.[1]
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