Página 13, referente a Ágoas- Bellas, do Livro 2 das
Inquirições D. Dinis, da Beira e Alto Douro.
Neste blogue, vou escrever sobre Águas Belas, deixando memória de um tempo que já não existe, mas que temos a obrigação de não esquecer. Dedico-o à minha mãe, sem o saber dela, o que escrevi não teria sido possível, e a todas as pessoas de cá, andem por onde andarem.
Com o aro de
uma roda de bicicleta, mas também podia ser com um pneu, os rapazes faziam
grandes corridas, do cimo ao fundo do povo. A roda ganhava força, porque era
empurrada por um pau, por um arame grosso ou um ferro miudinho, feito para
isso. O rapaz tinha de dirigir o aro e acompanhar a roda, não podia ficar para
trás. Era uma grande corrida. Muito dos meninos da escola tinham estas rodas de
arco com guiador, num instante, chegavam a casa.
Era um jogo
de grupo, podia ser jogado por várias pessoas, colocadas em fila, com um
bocadinho de distância uns dos outros; o primeiro da fila curvava-se, com as
mãos sobre as coxas e o que estava atrás, apoiado nas costas deste, saltava por
cima e punha-se à sua frente, também, curvado.
O jogo
seguia sempre assim, o que saltava, a seguir, fazia de eixo, até o último da
fila saltar por cima de todos. Perdia quem não conseguisse saltar o colega ou
quem não conseguisse fazer de eixo e se deixasse cair. Este jogo podia
repetir-se as vezes que as pessoas quisessem.
O jogo podia
ser individual, com uma corda pequena, a pessoa, à medida que lançava a corda,
saltava, mais depressa, mais devagar, conforme quisesse; também, podia jogar-se
em grupo, duas pessoas pegavam nas extremidades de uma corda, que não podia ser
muito pequena, e começam a dar à corda num movimento circular.
As
participantes entravam na roda e começavam a saltar, conforme o movimento da
corda, havia várias formas de saltar. Às vezes, estavam muito tempo, até não
aguentar mais, desistiam por cansaço e não por terem perdido; outras vezes,
saiam para descansar e voltavam a entrar; também, podia saltar, mais que que uma
pessoa, ao mesmo tempo.
Quando se
prendesse a corda num pé ou se pisasse, perdia-se o jogo, não se podia tocar na
corda, normalmente quem perdia ia dar à corda.