sábado, 30 de novembro de 2019

A guerra colonial


 Portugal foi o último país a descolonizar, mesmo depois de quase todos os países europeus (Bélgica, Holanda, França, Grã-Bretanha...) já terem dado a independência às suas colónias africanas.
A guerra colonial começou na Guiné, em Angola e em Moçambique, em 1961. Só em Cabo Verde e em São Tomé e Príncipe não houve guerra declarada, com movimentos de libertação a lutar contra as tropas portuguesas. 
Era uma guerra lá longe, mas parecia aqui ao pé da porta, porque todos os jovens, em idade de ir à tropa, eram alistados e muitos acabavam mobilizados para o Ultramar. Os soldados do exército que, a seguir à recruta, fossem para Santa Margarida, terminavam a combater em África. Muitos morreram, também houve mortos desta freguesia, morreu um jovem de Vale Mourisco e outro do Espinhal[1]. Foi, por isso, para fugirem à guerra, que muitos jovens, antes de fazerem dezoito anos, partiram a salto para a França.



[1] Os seus nomes constam no monumento que o concelho do Sabugal erigiu para honrar os seus mortos na guerra colonial.

quinta-feira, 28 de novembro de 2019

O analfafetismo

O analfabetismo era geral, em aldeias, vilas e cidades. Durante muito tempo não foi obrigatório ir à escola e, por isso, muitas crianças do tempo mais antigo não aprenderam a ler. Mesmo quando já era obrigatória, muitos pais daqui não tinham posses para pôr lá os filhos, precisavam deles para tomarem conta dos irmãos mais pequenos, para guardarem o vivo ou ajudarem nos campos.
Alguns só aprenderam a fazer o nome, outros fizeram a segunda classe, outros o exame da terceira, poucos faziam o exame da 4ª classe e eram raros os que podiam seguir estudos.





terça-feira, 26 de novembro de 2019

Aspetos da vida naquele tempo - o atraso


 O país vivia uma situação particularmente difícil, por causa do regime político, da guerra colonial, da ausência de qualquer apoio social, o que deixava quase todas as pessoas em situação vulnerável.



A ditadura, a guerra, as dificuldades 


Era o tempo da ditadura, dos governos de Salazar (1926-1968) e de Marcelo Caetano (1968-1974); o tempo de um país subdesenvolvido. Por todo o lado, a miséria era grande, sobretudo, no período da II Guerra Mundial (1939-1945), muitas pessoas, ainda, recordam esses anos como “os anos da fome”, em que não havia nada para comprar, mesmo para quem tivesse dinheiro, mas só uma pessoa ou outra o tinha.
Também, nos anos anteriores à II Guerra, aqui, tiveram eco os efeitos da guerra civil espanhola (1936-1939) que, por nos situarmos junto à fronteira, tivemos dessa situação um conhecimento próximo; houve pessoas refugiadas que passaram por cá, se abrigaram em palheiras da professora Saldanha e noutros lados.
Os tempos que se seguiram, às décadas de cinquenta e sessenta, foram particularmente difíceis, sem trabalho e sem meios de sustento. O que veio remediar a vida das pessoas foi o começo da ida para a França, não só daqui, mas do país todo. 


domingo, 24 de novembro de 2019

A lenda do topónimo de Águas Belas

A  açude de que fala o texto já não existe. Imagem da açude num dia de novembro de 2019 

Há muito tempo atrás, diz-se que as pessoas iam de noite guardar a água de um açude que servia para regar os campos lá para os lados da Lameira, da Barbeira e de todos esses chãos, chamados os “chões” da Açude.
Guardar a água de noite, era “velar a água”, ficar de vela, sem dormir, para guardar a vez, à espera que fosse dia e se pudesse começar a regar. Da expressão “águas velas” surgiu a designação “águas belas”, apenas, a troca do v pelo b.
Já mais perto de nós, a água do açude continuou a ser dividida pelos donos dos terrenos – a chamada água de adua – conforme a quantidade de terra que cada pessoa tinha. Quem tinha mais terra, ficava com mais dias de água, quem tinha menos, ficava com menos dias e quem tinha só uma “sortinha”, podia ficar só uma manhã ou uma tarde.



sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Localização e limites

 Águas Belas é a sede da freguesia, a que pertencem mais três anexas: Espinhal, Quinta do Clérigo e Vale Mourisco. Pertence ao concelho do Sabugal e ao distrito da Guarda. Dista 9 km da sede do concelho e 33 Km da sede do distrito.
É uma zona do interior centro do país, montanhosa, rodeada por  pequenas serras, como a serra Gorda, a serra do Vale de Arca e o São Cornélio, avistando-se, ao longe, a Serra da Estrela. O tempo é muito rigoroso no inverno e muito quente no verão.

Considerando toda a área da freguesia, os seus limites encontram-se com os de seis outras freguesias, cinco do concelho do Sabugal e uma (Pega) do concelho da Guarda. Nomeando-as, de norte para nordeste, temos: Pega; Pousafoles do Bispo, Penalobo e Lomba; Sortelha, Aldeia de Santo António e Sabugal; Quintas de São Bartolomeu; e Vila do Touro. 

quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Registos escritos do século XIX



Em casas do povo 




Casas antigas reconstruídas da Rua do Meio 
Em casas existentes no povo, é possível ver inscrições de data do  século XIX. A rua do Meio é a que apresenta inscrições mais antigas. 


No livro: «Portugal Antigo e Moderno» 


Noutro livro que consultei: Portugal Antigo e Moderno (1873), Volume I, de Pinho Leal, Águas Belas é uma freguesia do concelho de Sortelha, da comarca da Covilhã e da província da Beira Baixa; a 24 Km da Guarda e a 300 Km de Lisboa, com 130 fogos. Pertencia ao distrito administrativo e ao bispado da Guarda[1].

Se compararmos os dados, com os do inquérito de 1758, vemos que, em pouco mais de cem anos, a freguesia passou de 81 para 130 fogos/famílias, um importante aumento da população.



[1] Ressalvar que este livro apresenta notórias imprecisões, por exemplo, diz que a padroeira da igreja é a Imaculada Conceição; em relação à distância até à Guarda, também não parece correto, a não ser que se refira ao limite da freguesia (Vale Mourisco).

domingo, 17 de novembro de 2019

O Marquês de Arronches foi senhor das terras da freguesia de Águas Belas

 D. Henrique de Sousa Tavares  (1626- 1706), 1º Marquês de Arronches, também 3º Conde de Miranda do Corvo e 28º Senhor da Casa de Sousa (wikipedia).

Portanto, a partir de 1677, as famílias que aqui viviam seriam “caseiros” que tinham “à cabeça” esse Marquês de Arronches. Quem era este senhor? Porque é que o rei lhe deu as terras da freguesia? O que fez para desenvolver o povoamento? Foram suas até quando? Como foi feita a divisão das terras? Por que é que uma família (a do senhor Saldanha) tinha mais do que o resto da população? E a existência dos baldios, deve-se a quê?
Só uma pesquisa histórica rigorosa, com acesso a fontes, poderia clarificar algumas destas questões e outras, por exemplo, saber o que se passou do século XIII ao século XVII, nomeadamente, em relação à posse das terras; se voltam a ser doadas no século XVII, é porque, em alguma altura e por alguma razão, voltaram para a coroa.