Neste blogue, vou escrever sobre Águas Belas, deixando memória de um tempo que já não existe, mas que temos a obrigação de não esquecer. Dedico-o à minha mãe, sem o saber dela, o que escrevi não teria sido possível, e a todas as pessoas de cá, andem por onde andarem.
sexta-feira, 18 de março de 2022
Os jogos que jogávamos - o cântaro
Durante o tempo da Quaresma, jogava-se ao cântaro. Eram cântaros de barro que já não serviam para ir à fonte; tinham rachadelas, estavam sem asas ou com algum outro defeito. O objetivo era não deixar cair o cântaro, porque se caísse, por ser de barro, partia-se e o jogo terminava.
Numa roda, o cântaro era lançado e apanhado com as mãos, passava de mão em mão, mas, às vezes, complicava-se, era lançado, não para o jogador seguinte, mas para outro qualquer da roda; se este não estivesse atento, o cântaro estava sujeito a cair e a partir-se. Quando se partia o cântaro, era uma risada…
Às vezes, andava-se tempo, neste jogo e o cântaro não se partia, outras vezes, era logo.
domingo, 13 de março de 2022
Os jogos que jogávamos - Um, dois, três, macaquinho chinês
Havia uma linha de partida, onde estavam todos os jogadores, à exceção daquele que comandava o jogo e que se encontrava uns metros à frente, encostado, podia ser a uma parede de uma casa. De costas voltadas para os colegas, dizia:
- Um, dois, três, macaquinho chinês.
Enquanto esta frase era dita, os jogadores deslocavam-se, o mais depressa possível, em direção da parede. Quando a criança que comandava o jogo acabava de dizer esta frase, voltava-se para trás e se visse alguns, a mexerem-se, dizia-lhes:
- Tu vais lá para trás; e tu também, e tu também...
Os que eram apanhados tinham de voltar ao princípio do jogo. Se não visse ninguém, não podia mandar ninguém para trás e os jogadores iam-se aproximando-se, cada vez mais, da parede. Ganhava o jogo, o primeiro que conseguisse tocar na parede sem ser visto; quem ganhava, passava a dirigir o jogo.
quarta-feira, 9 de março de 2022
Os jogos que jogávamos - puxar à corda
9. Puxar à corda
Faziam-se duas equipas, com cuidado, para não ficarem muito desequilibradas, ao nível da força; traçava-se uma linha no chão e cada equipa puxava, com toda a força que tivesse, a corda para o seu lado. Quando um dos jogadores da frente pisasse a linha, a sua equipa perdia. Também, quando um ou vários elementos de uma das equipas caíssem no chão, a equipa perdia.
sexta-feira, 4 de março de 2022
Os jogos que jogávamos - As escondidas
8. As escondidas
Escolhe-se um ponto, para o início e o fim do jogo, pode ser junto a um muro alto, à parede de uma casa...Uma das crianças começa a fazer a contagem, contra esse muro ou essa parede, de olhos fechados, para não ver para onde as outras se iam esconder.
Contava até dez, até quinze, como se combinava, para dar tempo a que os outros se escondessem. Acabada a contagem, dizia:
-Aí, vou eu.
Começava a procura. Os que estavam escondidos tinham de sair dos esconderijos e chegar ao sítio do jogo sem serem apanhados. Se alguém era apanhado, enquanto fugia ou enquanto estava escondido, perdia e passava a apanhar os outros. Muitas vezes, quem estava a apanhar não apanhava ninguém e tinha de continuar a contar e a apanhar.
sábado, 19 de fevereiro de 2022
Os jogos que jogávamos: a cabra-cega
7. A cabra-cega
Jogava-se num terreiro ou num largo, dentro de um espaço que se limitava, antes de começar o jogo. Uma das crianças fazia de cabra-cega, com os olhos tapados, com um lenço da cabeça ou outro pano. Quando começava o jogo, a cabra cega começava a andar de um lado para o outro, para tentar apanhar alguém.
Mas, era uma tarefa difícil, porque as outras crianças faziam tudo para a desorientar e não serem apanhadas: aproximavam-se, afastavam-se, tocavam-lhe e diziam-lhe: - Cabra-cega! Cabra-cega! Não me apanhas, não me apanhas!
Quem fosse apanhado pela cabra-cega passava para o seu lugar e recomeçava o jogo. Durante o jogo, se a cabra-cega saísse do espaço marcado ou fosse contra qualquer coisa que se visse que se podia magoá-la, tinha de ser avisada.
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022
Os jogos que jogávamos - o lencinho
6.O lencinho
Os jogadores faziam uma roda, com as mãos atrás das costas ou com os braços caídos. A pessoa que ia lançar o lencinho começava a correr pelo lado de fora da roda e dizia:
- Aqui vai lencinho, aqui fica lencinho – sem dar sinal, deixava-o cair atrás de alguém e continuava a correr e a dizer:
-Aqui vai lencinho, aqui fica lencinho.
Se conseguisse dar a volta, chegar junto da pessoa a quem tinha deixado o lenço, sem esta o ter visto, apanhava-o e dizia-lhe:
- Perdeste, choco.
Mas, se a pessoa percebia, apanhava o lenço e corria atrás de quem lho tinha deitado e se conseguisse apanhá-la, antes, de chegar ao seu lugar, dizia-lhe:
- Perdeste, choco.
Também, se alguém da roda avisasse a pessoa que tinha o lenço atrás e fosse vista pela pessoa que o tinha colocado, ia para o choco. Quem ia para o choco, ia para o meio da roda, punha-se de cócoras, à espreita, para poder apanhar o lencinho, quando caísse atrás de alguém ou à espera que outra pessoa perdesse.
quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022
Os jogos que jogávamos - o charrás das três pedrinhas
5. O charrás das três pedrinhas
Desenhava-se um pequeno quadrado, em qualquer lado, traçavam-se as diagonais e dividia-se ao meio, na vertical e na horizontal. Ficavam nove pontos de jogo, a contar com o do centro. Cada jogador tinha três pedrinhas (distintas um do outro, para não se confundirem) que podia movimentar, nos pontos de jogo, tentando colocá-las em linha, podia ser na horizontal, na vertical ou na diagonal. Os dois jogadores tentavam anular as jogadas um do outro; quase sempre, neste jogo, tinha vantagem quem colocava a pedra no centro, porque tinha mais hipóteses de fazer combinações ganhadoras.
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