quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

Os jogos que jogávamos - o charrás das três pedrinhas

5. O charrás das três pedrinhas Desenhava-se um pequeno quadrado, em qualquer lado, traçavam-se as diagonais e dividia-se ao meio, na vertical e na horizontal. Ficavam nove pontos de jogo, a contar com o do centro. Cada jogador tinha três pedrinhas (distintas um do outro, para não se confundirem) que podia movimentar, nos pontos de jogo, tentando colocá-las em linha, podia ser na horizontal, na vertical ou na diagonal. Os dois jogadores tentavam anular as jogadas um do outro; quase sempre, neste jogo, tinha vantagem quem colocava a pedra no centro, porque tinha mais hipóteses de fazer combinações ganhadoras.

domingo, 23 de janeiro de 2022

Os jogos que jogávamos - o charrás

4 O charrás É um jogo com muitas regras, mas todas as meninas o aprendiam rápido. Podia ser jogado por duas ou mais crianças. Com um pau ou um prego grande, desenhava-se no chão o charrás. Havia dois desenhos de charrás: - Num, começava-se por desenhar um pequeno quadrado central; de cada vértice, tirava-se uma linha e uniam-se os vértices, dando origem a quatro casas. No exterior de uma delas, desenhavam-se três casas retangulares, na vertical – onde se iniciava o jogo. - No outro, desenhavam-se oito casas retangulares: duas na vertical; três na horizontal; uma (ao centro) na vertical; e duas na horizontal. Jogavam-se com uma “cheta”, um pedacinho de telha. Lançava-se a cheta para a primeira casa e, ao pé-coxinho, arrastava-se, de casa em casa, até se chegar à última. Terminada a primeira volta, lançava-se a cheta para a segunda casa e, assim, sempre, da mesma maneira, até chegar à última casa do charrás; a seguir, jogava-se ao contrário, da última para a primeira casa. Quem terminasse começava a ganhar casas: em pé, de costas para o charrás, lançava a cheta e se calhasse dentro de uma casa ganhava-a; a casa ganha tinha de ser assinalada, podia ser com a inicial do nome da menina que a tinha ganho, a partir dessa altura só ela podia passar nessa casa. Perdia-se, se a telha, ao ser lançada, não caísse na casa certa, ou se, ao jogar de casa em casa, a jogadora pisasse os riscos ou a cheta não fosse para o lugar certo; nessa altura, dava o lugar a outra menina e ficava à espera até voltar a ter vez e poder recomeçar na casa onde tinha perdido. O jogo terminava quando todas as casas estivessem assinaladas; ganhava quem tivesse mais casas.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

Os jogos que jogávamos: o pião

3. O pião Era um jogo, sobretudo, dos rapazes. Não havia menino, pequeno ou maiorzinho, que não tivesse um pião. Antes de se lançar, enrolava-se, de forma correta e bem ajustadinho, o cordel ao pião, chamava-se a baraça; depois, lançava-se o pião, com a força toda que se tinha; ao ser lançado, desenrolava-se a baraça e o pião, ao chegar ao chão, começava a rodar, a rodar, a rodar...; quanto mais força levava, mais bailava.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

Os jogos que jogávamos - o berlinde

2. O berlinde Os berlindes eram bolinhas maciças de vidro, muito pequeninas e duras, que não se partiam. Podiam jogar várias crianças, ao mesmo tempo. Faziam-se, na terra, três pequenas poças, com o feitio de um triângulo. A partir de um sítio de lançamento, cada criança lançava o berlinde, na direção da poça mais afastada. O dono do berlinde que estivesse mais próximo desse buraco começava a jogar; seguiam-se os outros, pela ordem em que cada um estivesse. Com o toque do dedo polegar, fazia-se deslizar o berlinde na direção da primeira poça e depois das outras duas. Quando se conseguia chegar à última cova, fazia-se o percurso no sentido oposto. Depois de feitas estas etapas, podia-se começar a acertar nos berlindes dos colegas e a ganhá-los. Perdia-se, sempre que não se acertava no buraco; quando isso acontecia, dava-se a vez a outro jogador e ficava-se à espera até voltar a ter vez; nessa altura, recomeçava-se no ponto onde se estava. O jogo terminava, quando todos os berlindes fossem alvejados e ganhos por alguém.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

Os jogos que jogávamos - o acha-brasa

Era um tempo em que não havia brinquedos, ter uma boneca ou uma bola de plástico, era o máximo a que se podia aspirar; quase sempre os brinquedos eram feitos pelas próprias crianças, carrinhos de madeira, bolas e bonecas de trapos, rodas com guiadores… Não havia televisão, os miúdos viviam na rua e brincavam ao que sabiam. Muitos destes jogos eram realizados em qualquer lado, desde que houvesse espaço livre. 1. O acha-brasa Jogava-se nas paredes dos cabanais, das varandas, na rua, nos terreiros…, onde houvesse espaço e sítios para esconder a “brasa”, um trapinho qualquer ou um lenço das mãos que alguém tivesse no bolso. Enquanto o jogador que tinha a brasa a escondia, os outros fechavam os olhos, até ouvirem dizer: - Já, podem abrir. Então, todos começavam à procura da brasa, nos buracos, debaixo de pedras…, onde calhava. Às vezes, punham a brasa em sítios tão difíceis que era muito difícil dar nela. Quando isso acontecia, quem a tinha escondido ia dando ajudas; conforme os jogadores se afastavam ou se aproximavam da brasa, dizia: - frio, frio, muito frio; ou, morno, morninho, quente, muito quente… O que estava muito quente, estava próximo de achar a brasa e, claro, todos a iam procurar nesse sítio e não demoravam a dar nela. Quem achava a brasa, passava a comandar o jogo. Às vezes, podia-se andar, várias horas, neste jogo de esconde e acha.

sábado, 1 de janeiro de 2022

Expressões Populares

• “Olha que vêm lá os guardas; vou dizer aos guardas que te levem”. • “Passa a vida na borga, tanto se lhe dá como se lhe deu”. • “É muito joldeira, está sempre pronta para ficar a brincar, a conversar…; sai de casa só para ver se encontra jolda”. • “Tem falta de modos; não tem nenhuns modos”. • “Não tem tento. nenhum”. • “É muito bem-mandado, nunca diz que não, faz tudo o que lhe mandam”. • “Andam de candeias às avessas”. • “Anda nas bocas do povo”. • “Anda sempre de ventas.” • “Dar a Salvação: - Venha com Deus. -Vá com Deus”.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

Ditados populares

• Não venha ao corpo, o que ele pode aguentar. • Tuas janelas fecharás e teus vizinhos louvarás, se quiseres viver em paz. • Quem não tem cabeça, não precisa de carapuça. • Diz-me com quem viveste, digo-te o que aprendeste. • Quem tudo quer, tudo perde. • Vale mais um pássaro na mão, do que dois a voar. • Quem não quer ser lobo, não lhe veste a pele. • Não podemos ter sol na eira e chuva no nabal. • Fevereiro quente traz o diabo no ventre. • Abril águas mil, as que caibam num barril. • Junho, foice em punho. • Quem malha em agosto, malha com desgosto. • Pelo São Martinho baldeia o teu soito e prova teu vinho. • Quem não trabuca, não manduca. • Mais vale só, do que mal-acompanhada. • Nem oito, nem oitenta • Quem guarda acha, quem poupa tem. • Quem tem telhados de vidro, não atira pedras. • Quem não se sente, não é filho de boa gente. • O que é barato, sai caro. • O que nasce torto, tarde ou nunca se endireita. • Água mole em pedra dura tanto dá até que fura. • Não é pela tigela, mas pelo que vai atrás dela. • Água na mesa, sinal de tristeza. • A cavalo dado, não se olha o dente. • Por causa dos santos, beijam-se as pedras. • Só sabe o que está na panela, quem mexe nela. • Quando a esmola é grande, o santo desconfia. • Quem corre por gosto, não cansa. • Mal vai à corte, onde o boi velho não tosse. • Vês as barbas do vizinho a arder, põe as tuas a amolecer. • Só se lembram de Santa Bárbara, quando ouvem as trovoadas. • Abalam os gatos, entendem-se os ratos. • A galinha da vizinha é sempre maior do que a minha. • Quando se fecha uma porta, abre-se sempre uma janela.