quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Calendário religioso: O mês de Nossa Senhora e o Sagrado Lausperene

  

O mês de Nossa Senhora

Durante o mês de maio, rezava-se na igreja o terço em honra de Nossa Senhora. Muitas pessoas chamavam-lhe o mês de Maria. Faziam-no à noite, porque durante o dia as pessoas trabalhavam.

O trono

Faziam um trono, um altar, de propósito, com vários degraus, forrados com um a pano branco e, por todo o lado, punham velas e vasos de flores. Muitas vezes, este trono era feito no altar do Imaculado Coração de Maria, mas também se fez no altar da Nossa Senhora do Rosário e da Senhora de Fátima.

Oferecer o ramo    

Em cada domingo, os meninos da catequese iam oferecer um ramo a Nossa Senhora. No final do terço, joelhavam-se junto ao altar, cantavam uns versinhos à Virgem e deixavam o raminho.

 

O sagrado Lausperene

Todos os anos, no dia 14 de outubro, é o dia do sagrado Lausperene. Durante vinte e quatro horas estava o Santíssimo exposto e de forma organizada, entre as pessoas de cá, as da Quinta do Clérigo e as do Espinhal, cantavam e rezavam durante essas horas todas. Continua a sua celebração, mas apenas umas horas, à tarde e ao início da noite, por causa de haver muito pouca gente.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Calendário religioso - Confissões e Páscoa

  

As confissões

Durante o período da Quaresma, fazem-se as confissões. Chamam-lhe também a “desobriga”, porque todos os católicos têm a obrigação de se confessarem, pelo menos, uma vez por ano. Vêm as pessoas do Espinhal e da Quinta do Clérigo, antigamente, toda a gente se confessava, eram vários senhores padres, durante várias horas, e depois celebravam a missa.

Agora, a gente é muito pouca, vêm dois ou três senhores padres e depressa terminam de confessar.

 

A Páscoa

Ao dia de Páscoa, chamam cá a Festa de Flores, talvez, porque começa a primavera e os campos ficam cheios de flores silvestres e de maias.

Há sempre uma procissão à volta do povo; as pessoas varriam e enfeitavam as ruas, punham colchas às janelas para festejar a Ressurreição de Cristo. Saiam os guiões, a bandeira e o pálio.  

 

terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

O calendário religioso (1)

 

O calendário religioso

 

Há uma prática religiosa, já não tão marcada e tão diária, como antigamente, mas ainda assim, participante, nas missas, festividades e rezas que, ao longo do ano, a igreja celebra.

 

A missa dominical

Todas as pessoas, de cá e das anexas, iam à missa do domingo. Era o dia mais importante da semana e pode dizer-se que continua a ser. As missas são participadas, há um grupo de leitores, um grupo que canta, às vezes acompanhado pelo órgão, e ministras da comunhão.

 

As cinzas

As cinzas são o primeiro ritual da Quaresma; toda gente nesse dia vai à missa receber as cinzas. As cinzas recordam o sentido, último, da vida de todo o cristão, viemos do pó, viemos do nada, e regressaremos ao nada.

 

As cruzes / A via-sacra

Durante a Quaresma, ainda hoje, se reza na igreja a via-sacra, normalmente, são cruzes lidas a partir de um livro, com leituras e meditações, umas vezes mais breves, outras vezes mais longas, em cada uma das estações. São rezadas, acompanhando com o olhar as imagens da via-sacra que estão nas paredes da igreja.

Havia pessoas que sabiam rezá-las de cor. Recordo umas cruzes, muito bonitas, rezadas pelo senhor Vicente Rodrigues, penso que em verso, contavam toda a via dolorosa, desde a condenação à morte, até ao sepulcro. Quando este senhor dizia as cruzes, toda a gente ia, a igreja enchia-se. Talvez, já ninguém as saiba, se tenham perdido, como muitas outras coisas rezas.

 

As confissões

Durante o período da Quaresma, fazem-se as confissões. Chamam-lhe também a “desobriga”, porque todos os católicos têm a obrigação de se confessarem, pelo menos, uma vez por ano. Vêm as pessoas do Espinhal e da Quinta do Clérigo, antigamente, toda a gente se confessava, eram vários senhores padres, durante várias horas, e depois celebravam a missa.

Agora, a gente é muito pouca, vêm dois ou três senhores padres e depressa terminam de confessar.

 

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Serviços e tradições religiosas - ministras da comunhão...

 

As ministras da comunhão

Quando começou a haver menos senhores padres, em algumas paróquias, passaram a existir leigos com o papel de ministros da comunhão.

Aqui, houve duas ministras da comunhão, talvez, a partir dos primeiros anos da década de noventa, as senhoras Zaida Augusta Dias e Maria da Ascenção Jorge, que se dispuseram a servir a comunidade. A primeira fez, durante muitos anos, sempre que foi preciso, a proclamação da palavra e a distribuição da comunhão; a segunda acompanhou e ajudou na distribuição da comunhão.

Desde há algum tempo, há três novas ministras da comunhão, as senhoras: Adélia, Estrela e Maria José que servem a igreja e a comunidade paroquial.

 

As pessoas que orientam as rezas

São rezas que podem ser conduzidas por qualquer pessoa, desde que saiba, tenha devoção e disponibilidade. Todos recordamos várias pessoas; às vezes, eram as raparigas a fazer o terço ou as cruzes.

Mas, durante muito tempo, quem conduziu todas as rezas, fossem novenas dos mortais, acompanhamentos, cruzes, terços, mês de Maria, mês das Almas..., foi a senhora Zaida Augusta Dias, sempre com a mesma vontade e o mesmo espírito de serviço.

Já há algum tempo, quem conduz as rezas, prestando o mesmo serviço às pessoas e à paróquia, é a senhora Adélia Nunes Leal. 

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

Serviços e tradições religiosas - as catequistas

  

As catequistas

Ensinar catequese, desde as crianças mais pequeninas, que se preparam para a primeira comunhão, até aos jovens que fazem o crisma e a comunhão solene, é um importante serviço prestado à igreja e às famílias.

 Cada domingo, a seguir à missa, as crianças e os jovens de cá, do Espinhal e da Quinta do Clérigo, participavam na catequese. Havia vários “Volumes” (as partes do catecismo) e às vezes várias catequistas para cada Volume, normalmente, eram as raparigas que davam a catequese orientadas pelo senhor padre. Os catecismos eram pequenos livrinhos, com texto e algumas imagens, a que as crianças daquele tempo prestavam particular atenção.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Serviços e tradições religiosas - as irmandades, a Sagrada Família

 

As irmandades

Havia as Irmandades das Almas e do Sagrado Coração de Jesus. Era costume os homens assentarem-se nas irmandades, pagavam uma pequena contribuição e tinham direitos e também deveres de todos os irmãos dessa Irmandade.

Por exemplo, se morria um irmão, em Vale Mourisco ou noutra anexa, a irmandade das Almas tinha de ir lá, com as insígnias, a representar a irmandade. Também, mandavam dizer missas pelos irmãos que faleciam e pelos já falecidos, para além da missa das almas, todos os meses. No final, de cada ato da Irmandade, faziam a chamada – as mulheres podiam substituir os homens, mas quem faltava pagava, uma pequena esmola.

Cada irmandade tinha as suas insígnias, bandeiras, cruzes, lanternas e opas. Quando passou a haver menos gente, tornou-se impossível manter as irmandades como existiam e foram acabando; agora, distribuem as opas aos homens que estão e são eles que levam as insígnias, seja nos enterros, seja noutros atos religiosos.

 

A Associação da Sagrada Família

É uma tradição muito antiga, cá no povo; andava pelas casas a imagem de uma Sagrada Família que agora está na capela. Foi interrompida, durante alguns anos, e retomada depois com a imagem de uma Sagrada Família mais pequena.

Cada mês, visita a casa das pessoas; recebe-se num dia à noite e entrega-se a outra pessoa, no dia seguinte, também, à noite. Todas as pessoas têm um livrinho, para fazerem as orações de chegada e de despedida da Sagrada Família; durante a noite, nunca se deixa às escuras, tem-se sempre uma luz a alumiar. Costuma dar-se também uma esmola que se coloca no sítio próprio. Estas esmolas são para mandar dizer missas pelas intenções de todas as pessoas associadas.

A Associação tem uma zeladora que toma conta das esmolas e se encarrega de mandar dizer as missas.

 

sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Serviços e Tradições Religiosas - As Mordomias (3)

 

O mordomo de São Sebastião

O mordomo de São Sebastião tem de zelar pela capela, é quem tem a chave. Sempre que é necessário, quando há procissões, tem de limpar, compor o altar, abrir a porta e tocar a sineta. Também, prepara a festa do santinho, no dia 20 de janeiro, tira a esmola e manda dizer a missa, em honra e louvor de São Sebastião.

Se for ano de festa, o mordomo tem ainda de compor o andor e de se encarregar de tudo o que diz respeito à participação de São Sebastião nas cerimónias da festa.

 

Os mordomos de Santo António

Primeiro, os mordomos de Santo António eram os rapazes solteiros, depois, passaram a ser os homens casados. Os mordomos faziam tudo o que tivesse a ver com a organização da festa: pediam as janeiras e a esmola, antes da festa; procuravam e contratavam o pregador, a banda da música, os foguetes e o fogueteiro, as licenças necessárias e, a partir de determinada altura, até o acordeonista ou o conjunto.

Agora, deixaram de nomear novos mordomos, já não pedem a janeira nem as esmolas pelas portas, quem quer dá igual, antes, ou no dia da festa. Ultimamente, estes mordomos têm sido voluntários, quem quer e tem devoção propõe-se a organizar a festa e trata de tudo.

 

O mordomo das Almas

O mordomo das almas tira a esmola, nas missas do domingo e toma conta de tudo o que lhe pertence fazer durante o ano em que serve.

 

As mordomas dos altares

Antes, cada altar tinha umas mordomas, raparigas que compunham cada domingo e se encarregavam de tudo o que tivesse a ver com esse altar, fosse o andor, o trono de Nossa Senhora, fosse o presépio... Também, colaboravam na limpeza da igreja.

Há já muito que deixou de ser assim; esse trabalho foi distribuído pelas senhoras do povo, cada mês é um grupo.