As bicas
Sempre que
uma jovem rapariga ficava noiva de um rapaz “de fora”, um rapaz que não fosse
da terra, tinha de pagar as “bicas”. Era uma festa, havia quase sempre um baile
e uma “borga”, comida e bebida para toda a malta. Eram os rapazes solteiros que
iam pedir as bicas ao noivo. Também se dizia “pagar o vinho”, ouvia-se dizer: -
já se vão casar, o rapaz já pagou o vinho.
O dia da inspeção
Iam à
inspeção os rapazes da freguesia que, nesse ano, fizessem dezoito anos. Era um
alvoroço nas terras, nesse dia, havia alegria e tristeza, ao mesmo tempo.
Os que
ficavam apurados, não tinham razões para festejar, pois, a partir de 1961, a
maioria, era quase certo, acabaria na guerra colonial, a não ser que pudessem
ficar como “amparo de mãe”, se já não tivessem pai e fossem eles a trabalhar
para o sustento da família. Os que ficavam livres, poucos, por terem algum
problema de saúde ou não terem a capacidade física exigida, também sentiam
também alguma tristeza, compreensível.
Ainda assim,
quase sempre, a malta da inspeção ajustava um tocador e havia, logo que
chegavam, uma ronda pelo povo, foguetes e um baile.